Quase 500 pessoas morreram em enchentes ou deslizamentos de terra e pedra, em pouco mais de um ano.
Registros da meteorologia mostram que as tempestades no Brasil ficaram muito mais fortes e frequentes nos últimos anos.
A violenta tempestade que devastou o litoral norte de São Paulo está longe de ser um fenômeno isolado. Desde outubro de 2021 foram registrados, oficialmente, 11 desastres causados por temporais no país.
Quase 500 pessoas morreram em enchentes ou deslizamentos de terra e pedra, em pouco mais de um ano.
Os números são do Cemaden, Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, e esse levantamento não inclui as vítimas do último fim de semana, em São Paulo, onde a busca por desaparecidos continua.
Nos últimos 16 meses, o Brasil registrou os maiores volumes de chuva da história em apenas 24 horas.
“O impacto dos desastres é decorrente de dois fatores: um são os eventos meteorológicos extremos, que nós sabemos que estão aumentando por conta das mudanças climáticas; e outra pela vulnerabilidade e exposição das pessoas, que também está aumentando”, afirma o presidente do Cemaden, Osvaldo Moraes.
Existem hoje, no Brasil, aproximadamente 40 mil áreas de risco, onde vivem mais de 10 milhões de brasileiros, segundo o Cemaden. Esse número equivale às populações de Belo Horizonte, Salvador, Fortaleza e Manaus somadas.
Apesar das evidências, esse grave problema não inspirou, até o momento, uma política pública capaz de reduzir o risco de novos desastres.
O descaso se revela nos números do orçamento federal. Levantamento da Associação Contas Abertas mostra que os valores destinados para prevenção de desastres naturais vem caindo desde 2014 e registraram os piores índices nos últimos quatro anos.
Para este ano, por decisão do governo anterior, foram reservados pouco mais de R$ 1 bilhão em ações de prevenção e atendimento emergencial. Além de os valores serem muito abaixo do necessário, nunca são totalmente gastos por falta de planejamento.
Nos últimos 13 anos, dos R$ 64 bilhões autorizados nos orçamentos, apenas R$ 40 bilhões foram efetivamente investidos em prevenção, 63% do total.
O professor do Instituto de Estudos Avançados da USP, Carlos Nobre, defende a rápida articulação de diferentes níveis de governo para resolver o problema:
“O maior desafio é retirar as pessoas que moram em áreas de risco. Aí é um desafio que não dá pra fazer em um mês, em um ano. É muito investimento, é enorme. Mas essa é a solução. Isso tem que ser uma prioridade de todos os governos – governo federal, governos estaduais, prefeituras municipais -, com muito apoio, inclusive, do setor privado, para financiar tudo que é necessário”.
Há soluções de mais baixo custo que poderiam evitar a ocorrência de novas tragédias no curto prazo. Uma delas é a instalação de sirenes de alerta em áreas de risco, como já existe em cidades como Rio de Janeiro, Vitória e Salvador.
“É fazer com que os alertas que são emitidos cheguem à população no momento importante, que é o momento que antecede o desastre. Que essas populações também estejam preparad
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G1