STF está pronto para julgar os processos sobre crimes de Bolsonaro
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O Supremo Tribunal Federal (STF) está pronto a julgar os inquéritos em que o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) consta como suspeito. A garantia é do decano da Corte, ministro Gilmar Mendes. O magistrado avaliou, nesta quinta-feira, que caso Bolsonaro seja denunciado no inquérito do golpe, nos próximos dias, o processo tende a entrar em pauta logo em seguida.
Segundo Mendes, em entrevista ao canal norte-americano de TV CNN, as investigações da Polícia Federal (PF) revelaram uma “série de tramas”, e espera analisar agora a perspectiva da Procuradoria-Geral da República (PGR).
— A Polícia Federal fez uma importante investigação ao revelar uma série de tramas, discussões, de filmetes de reuniões que dão base para essa discussão e vamos analisar agora a partir da perspectiva do procurador-geral da República que, todos sabem, é uma pessoa muito criteriosa. É um dos procuradores, nos últimos anos, mais respeitados no Supremo Tribunal Federal — afirmou.
‘Mensalão’
Ao ser questionado sobre um possível julgamento de Bolsonaro, o ministro afirmou que o tribunal tem experiência com outros casos.
— Não tenho dúvidas de que se for o caso, dentro das balizas do Estado de direito de proferir um juízo condenatório, o Tribunal saberá fazê-lo com toda responsabilidade, como no passado julgou o caso do ‘mensalão’ que também envolvia assessores importantes do então governo do presidente Lula — pontuou.
Segundo Mendes, “o Tribunal revela uma grande maturidade”.
— O próprio enfrentamento que nós tivemos durante esses anos do governo Bolsonaro não só aqui mas também no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revela esse amadurecimento, essa capacidade de resiliência — acrescentou.
Gasolina
Gilmar Mendes também disse acreditar que os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 não vão se repetir, mas “não colocaria a mão no fogo por isso”.
— Não acho que haja risco para democracia. Não vejo que houvesse condições de sustentar um golpe, ainda que como todo esse planejamento que ocorreu. Mas eu também não gostaria de acender fósforo para ver se tem gasolina no tanque. Eu acho que se nós percebemos que há problemas que geram instabilidade, nós com a responsabilidade política que temos devemos propor correções de rumo — avaliou.
Para o ministro, é preciso “ter muito cuidado com o que falamos”.
— Aquele xingatório dirigido a ministros do Supremo estimulava o cidadão comum a imaginar que também tinha aquele direito. Isso diminui a todos. Criamos sociedade em que o respeito desaparece. Que a gente não viva assustado com a sua possibilidade de reedição — resumiu.
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