‘Quem tem mandato fala, e quem não tem, como eu, trabalha’, diz Mandetta após críticas de Bolsonaro

“Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”, declarou.

O ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) disse à Folha que não comenta ações do presidente da República e que, por isso, não pretende rebater as declarações de Jair Bolsonaro sobre ele em entrevista à rádio Jovem Pan nesta quinta-feira (2).

“Não comento o que o presidente da República fala. Ele tem mandato popular, e quem tem mandato popular fala, e quem não tem, como eu, trabalha”, declarou.

Bolsonaro afirmou que está faltando “humildade” ao ministro da Saúde. “Tá faltando um pouco mais de humildade pro Mandetta”, disse o presidente. “O Mandetta em alguns momentos teria que ouvir um pouco mais o presidente da República.”

Questionado sobre as declarações do presidente, Mandetta apenas respondeu inicialmente: “ok”. “Nunca fiz nenhum comentário sobre as ações dele. Não se comenta o que o presidente da República fala”, reforçou o ministro da Saúde.

Em seguida, disse que estava analisando dados sobre o novo coronavírus e preocupado com a situação de algumas regiões.

“Eu acho que estamos frente a uma doença nova, e está todo mundo aprendendo com essa doença. Vamos saber o que ela vai fazer com nosso sistema de saúde. Rezo a Deus que nada disso aconteça aqui, que eu esteja absolutamente errado, que toda a ciência esteja absolutamente errada”, afirmou o ministro.

Mandetta e Bolsonaro vem travando um embate desde o começo da crise. O ministro tem defendido políticas de isolamento social frente à pandemia, incluindo o fechamento de estabelecimentos comerciais, como forma de evitar aglomerações e a proliferação da doença.

Bolsonaro, no entanto, tem criticado esse discurso e as medidas, defendidas por Mandetta, adotadas pelos governadores de decretar uma quarentena.

A relação entre o ministro e Bolsonaro vem numa escalada de tensão e subiu mais um nível no domingo (29), quando o presidente resolveu dar um passeio pela periferia do Distrito Federal, contrariando todas as orientações do Ministério da Saúde.

O giro de Bolsonaro ocorreu um dia após Mandett ter reforçado a importância do distanciamento social à população nesta etapa da pandemia do coronavírus.

Mandetta também criticou as manifestações pela reabertura de empresas e de estabelecimentos comerciais, desencadeadas por declarações de Bolsonaro.

“Fazer movimento assimétrico de efeito manada agora, nós vamos daqui a duas, três semanas, os mesmos que falam ‘vamos fazer carreata” de apoio. Os mesmos que fizerem vão ser os mesmos que vão ficar em casa. Não é hora, agora”, declarou no sábado (28).

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