Política

PT irrita aliados após tensionar chapa com Jerônimo, Wagner e Rui Costa em 2026

O PSD defende a reeleição do senador Angelo Coronel, cujo mandato se encerra em 2027.

Há 18 anos no comando do governo da Bahia, o PT busca expandir sua hegemonia no estado e iniciou um movimento para ocupar os três principais postos da chapa majoritária nas eleições de 2026. De acordo com informações do jornal Folha de São Paulo, o objetivo é consolidar o governador Jerônimo Rodrigues (PT) como candidato à reeleição, enquanto os seus dois antecessores – o senador Jaques Wagner e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, ambos do PT – seriam os candidatos ao Senado.

Caso se concretize, o movimento representará um revés para o PSD, principal aliado das gestões petistas na Bahia. O partido defende a reeleição do senador Angelo Coronel, cujo mandato se encerra em 2027.

A proposta foi defendida por Jaques Wagner em entrevista ao jornal A Tarde nesta semana. Foi a primeira vez que o petista se manifestou de forma mais clara sobre a ideia. “Essa chapa, você poderia batizar de trio do sucesso porque são três governos que fizeram a Bahia prosperar e muito, se modernizar e muito”, descreveu. “Eu diria que, pelo peso dos nomes, é muito natural se tivermos uma chapa com três governadores”, emendou Wagner.

Na mesma entrevista, Wagner tentou amenizar os ânimos entre os aliados, sinalizando que irá acomodá-los de outras maneiras: “A gente vai acomodar todo mundo. Vou repetir, não apostem em racha, porque não vai haver”, ponderou.

A expectativa é que o PT busque acomodar seus aliados com cargos como o de vice-governador, suplências para o Senado, a presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) e vagas nos Tribunais de Contas do Estado (TCE) e dos Municípios (TCM).

Ainda segundo a Folha, a defesa dessa chapa composta por três governadores representa uma mudança sutil no discurso de Wagner, que, até o ano passado, afirmava que apenas ele e o governador tinham suas vagas garantidas na chapa.

Dentro do PT, a proposta é vista como uma solução para evitar a escalada do racha entre Wagner e Rui Costa, que disputam espaços dentro do partido, da base aliada e do governo Jerônimo. Ao mesmo tempo, acredita-se que Rui Costa – que deixou o governo em 2022 com alta popularidade e ocupa um cargo central no governo Lula – fortaleceria a chapa de Jerônimo.

Porém, partidos aliados demonstram desconforto com o que consideram uma postura “hegemonista” do PT. Coronel reagiu com ironia à proposta que o exclui da disputa. “O PT tem todo direito de escalar seu time nas posições que bem desejar. Acredito que irão indicar os quatro componentes da majoritária. Deverá ser uma chapa 100% puro-sangue”, disse, à Folha.

O MDB, que em 2022 indicou para a chapa o vice-governador Geraldo Júnior, também observa com preocupação o movimento. O partido trabalha para manter o posto dentro da chapa. Contudo, as chances de Geraldo permanecer na chapa foram reduzidas após sua derrota na disputa pela Prefeitura de Salvador, onde obteve um terceiro lugar com 10,3% dos votos.

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