Essa ferramenta também pretende ajudar pessoas com limitações na movimentação de membros superiores e inferiores.
O ato de colocar um óculos parece um gesto que possibilite qualidade de vida e oportunize acesso a conteúdos apenas para pessoas com limitações visuais. Mas, graças a um projeto desenvolvido pelo IFBaiano (Instituto Federal Baiano) no campus Valença, essa ferramenta também pretende ajudar pessoas com limitações na movimentação de membros superiores e inferiores.
O projeto em questão é o TAAPETE (Tecnologia Assistiva Acessível para Pessoas com Tetraplegia), que acopla um receptor de movimentos em acessórios que sejam utilizados na cabeça para propiciar que pessoas com tetraplegia e outras limitações semelhantes possam utilizar computadores para as mais diversas atividades diárias.
O dispositivo nada mais é que o hardwave, ou seja, um equipamento como um mouse ou teclado, externos ao computador. A partir dele o usuário poderá digitar textos, acessar a internet, selecionar elementos, acessar redes sociais e outras funções que uma máquina possa oferecer sem que programas tenham que ser instalados.
Segundo o professor orientador da iniciativa, realizada pelo instituto através do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Jr. (PIBIC Jr.), Leandro Teixeira, o que provocou o desenvolvimento do TAAPETE foi a execução uma atividade às vezes desapercebida como a utilização de computadores por pessoas sem nenhuma limitação físico-motora também fosse acessível para as que têm.
“Pensamos no seguinte: já que as pessoas podem movimentar a cabeça, por que não podemos ajudar essas pessoas a ter acesso ao computador movendo a cabeça? Inicialmente ele foi pensado para mover o cursor do mouse. Depois foram incluídas outras funções que o computador pode oferecer utilizando esse dispositivo que o projeto desenvolveu”, explica o professor.
O fundamento básico do TAAPETE é de que ele funcione como um cursor. “Se uma pessoa movimenta a cabeça para baixo, para cima, para esquerda ou direita vai movimentar o cursor. Desenvolvemos uma série de movimentos para significar algo para o computador. A gente pode clicar com o botão esquerdo ou direito, por exemplo. Além disso, o usuário pode abrir um teclado virtual”, descreve Teixeira sobre a funcionalidade do aparelho.
Todo o projeto foi executado por Leandro em conjunto com um colega de trabalho, o professor Gustavo Sabry (co-orientador) e o aluno Álvaro Vasques. Com ele conseguiram premiações importantes como o 1º lugar na categoria Ciências Exatas e da Terra (Prêmio ABRIC de excelência em pesquisa) da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace); o Prêmio Destaque Unidades da Federação, onde representaram a Bahia; e o Prêmio Abritec (Associação Brasileira de incentivo à tecnologia e ciência).
Além disso, o projeto foi credenciado para eventos feiras e encontros como o Encuentro Internacional Colombista de Ciencia, Inovacion y Empreendimiento – a ser realizado em 2021, na Colômbia – e a International Science and Engineering Fair (ISEF 2020).
Tão logo foi apresentado e condecorado, o TAAPETE já está recebendo melhorias que vão, dentre outros aprimoramentos, baratear o custo do protótipo e reduzir o tamanho do dispositivo acoplável. A pretensão é que seja dada a entrada no processo de patente assim que as melhorias sejam feitas.
“A gente já fez uma nova versão, a gente comprou uma placa menor que diminuiu bastante o tamanho do protótipo, que passou a ficar 23% mais barato”, comenta o estudante Álvaro Vasques, afirmando que o protótipo que tinha um custo de R$ 81 ficou por R$ 65. O custo aliás, é cerca de 95% menor que outros dispositivos disponíveis no mercado.
Fora as oportunidades possíveis para os usuários, o desenvolvimento do TAAPETE já é um divisor de águas na vida dos cientistas. Ao Bahia Notícias, Álvaro contou que a experiência das premiações, sobretudo da Febrace, o motivou a seguir a carreira de pesquisa após o ensino médio e foi a porta de entrada para outras conquistas. “Foi um leque de oportunidades que não cabe em mim”, argumenta animado.
Projetos como este, afirma o professor orientador Leandro Teixeira, além de iniciar o estudante na vida científica, “mostra a relevância que a ciência tem na sociedade quanto na formação do indivíduo”. “Ao trabalhar na tecnologia assistiva então, ganha algo a mais, que é se importar com o próximo, para resolver um problema real que muitas vezes fica esquecido”, completa.
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Bahia Notícias / Foto: Álvaro Vasques