‘Praga’ do cigarro eletrônico vira caso de saúde pública
O pneumologista e diretor de saúde pública da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Guilhardo Fontes, conta que os jovens usuários do dispositivo são cada vez mais comuns em seu consultório.
Os cigarros já foram considerados “descolados” e artifício de socialização comuns em rolês, mas com o passar dos anos e fortes campanhas antitabagismo o uso da droga diminuiu. Hoje, o uso de vapes ou pods – proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009 – são uma espécie de nova trend entre os jovens e vem muitas vezes acompanhados pelo cigarro. Pesquisas e especialistas têm observado esse aumento.
Em 2023, foram 2,9 milhões de consumidores adultos regulares de vapes, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEC). Entre os menores de idade, 16,8% dos adolescentes entre 13 e 17 já usaram a droga, o número é ainda maior entre os que têm 16 e 17 anos, com 22,7%, conforme informações da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O pneumologista e diretor de saúde pública da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Guilhardo Fontes, conta que os jovens usuários do dispositivo são cada vez mais comuns em seu consultório.
“É uma febre e um problema de saúde pública. É um produto muito sedutor, com inúmeros sabores e cheiros, com um design muito moderno. E vende uma imagem de que é muito menos danoso que o cigarro tradicional, o que não é verdade”, afirma. Ele explica que o vape possui alto teor de dependência química, por conta da nicotina aditivada. Ou seja, é algo que vicia com mais facilidade e traz os mesmos riscos que o cigarro.
Após acompanhar amigos em festas e observar um deles em uso constante do dispositivo, Gustavo Soares (nome fictício), 25, decidiu tomar conta do aparelho para ajudar o colega. Porém, ele ficou curioso com o vape após algum tempo. “Experimentei pela primeira vez por curiosidade”, conta. Há um mês com o “pen drive”, Gustavo afirma que não costuma usar muito, mas que prefere a versão tecnológica ao cigarro tradicional por conta do gosto e de não haver tanto estigma.
“Não é uma coisa intragável como o cigarro. Você não sente que te faz mal, porque é gostoso e não tem tanto estigma. Quando você pega um cigarro é algo que pesa mais, que as pessoas julgam mais, enquanto com o pod nenhum jovem dá muita atenção, é algo normal”, comenta. O acesso ao produto também é tranquilo, de acordo com Gustavo, que já viu stands vendendo variadas opções em festas.
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