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Possível candidatura de Rui ao Senado gerou insatisfação no PT e pode criar ‘isolamento’

Para evitar traumas irreversíveis, uma espécie de “lei do silêncio” foi incorporada pelos grupos com poder decisório.

A ação do governador Rui Costa de tentar costurar uma candidatura ao Senado e desestruturar o planejamento de ter Jaques Wagner como candidato ao governo criou insatisfação dentro do PT da Bahia. Segundo interlocutores ouvidos pelo Bahia Notícias, a sugestão de que Otto Alencar (PSD) fosse alçado à condição de postulante ao Palácio de Ondina acendeu a “ira” de alguns petistas, que chegaram a sugerir que legenda não permitisse o registro de Rui como candidato.

Desde a última terça-feira (15), quando Rui teve um encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a possível candidatura dele a senador é tratada como uma decisão “unilateral” e com possibilidade de implodir as relações entre PT, PSD e PP. A participação de Lula teria sido uma tentativa de mediar o conflito, já que Wagner seria obrigado a desistir de tentar retornar ao governo. Dois dias antes, quando a informação começou a circular, o governador passou a ser alvo de uma série de críticas tanto na base aliada quanto internamente, mesmo que nenhuma delas tenha acontecido em público.

Para evitar traumas irreversíveis, uma espécie de “lei do silêncio” foi incorporada pelos grupos com poder decisório – e uma parcela expressiva da arraia-miúda sequer foi participada sobre as discussões, o que explica as reações, inclusive de parlamentares, que acusam a imprensa de propagar informações falsas.

No entanto, quem conseguiu confirmar as pretensões de Rui passou a defender até mesmo que o PT não fizesse qualquer gesto para assegurar a candidatura do governador ao Senado. Em condição de anonimato, uma das fontes do Bahia Notícias chegou a brincar, indicando que um insurgente, em um momento mais exaltado, sugeriu a expulsão do chefe do Executivo baiano – algo inviável do ponto de vista político.

Em meio a toda a celeuma criada, é considerada a hipótese de que Rui sofra um “revés” e, ao invés de impor uma candidatura a senador, seja obrigado a engolir a seco a manutenção do rascunho feito até aqui para a chapa majoritária, tendo Wagner encabeçando o projeto e Otto como postulante à reeleição. “Rui ficou isolado”, ponderou um observador da cena petista na Bahia.

PRAZO

Nesta quinta (17), quando Rui falou publicamente sobre a reunião com Lula, os detalhes do encontro foram omitidos propositalmente (lembre aqui). A iniciativa é um esforço para “empurrar com a barriga” qualquer decisão sobre o tema, permitindo que a poeira baixe e haja um entendimento que agrade os anseios pessoais do governador e a articulação política do grupo que comanda a Bahia desde 2007.

Ainda que o próprio Rui tenha estabelecido a data de 13 de março, alguns petistas sugeriram que o prazo pode não ser cumprido, já que as movimentações partidárias podem acontecer até o começo de abril – mesmo prazo para uma eventual desincompatibilização de quem deseja ser candidato a um cargo diferente do atualmente ocupado, caso do próprio morador do Palácio de Ondina.

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