Os filhos também precisam desse espaço; a atenção não deve ser apenas das pessoas de fora, mas principalmente dos pais.
Na sociedade atual, há a concepção de que presentes significam necessariamente amor e afeto. Dessa forma, os gestos genuínos que esboçam amor e carinho são substituídos por presentes e diversas atividades. Pais, seus filhos precisam mais do seu amor do que do seu dinheiro! Hoje, a ideia de criança feliz é aquela que tem e faz tudo, desde a natação, balé, até o inglês, o francês e também o tênis. Nossas crianças sabem fazer muitas coisas, mas possuem pouco espaço dentro de suas próprias casas.
Pais sempre muito ocupados para seus filhos e que, ao mesmo tempo, ocupam demais os filhos, como forma de “suprir” essa falta. Por mais que a criança tenha diversas atividades, as conversas, abraços, o cuidado e a convivência diária não são dispensáveis. Nós precisamos disso, precisamos saber que alguém zela por nós, precisamos ter um lugar para não somente descansar ao final do dia, mas para conversar e dividir os acontecimentos.
Os filhos também precisam desse espaço; a atenção não deve ser apenas das pessoas de fora, mas principalmente dos pais. Por isso, encher o seu filho de presentes não significa necessariamente que ele se sinta amado. Presentes, dinheiro, ir à festas ou simplesmente ser um pai/mãe que tudo permitem e não impõem limites definitivamente não é o que o seu filho realmente precisa.
Assim como em um relacionamento amoroso, presentes e jantares caros não sustentam um relacionamento, é essencial que nas relações entre pais e filhos haja espaço para o diálogo, compartilhar suas histórias e ouvir as histórias dos filhos, seus anseios e suas angústias que, muitas vezes, ficam retidos pela tal “falta de tempo”. Por mais que esse desejo de se expressar não seja tão nítido, é preciso estimular essas relações de forma positiva.
É essencial que as crianças e jovens tenham em casa o seu porto seguro, o lugar em que eles sabem que terão acolhimento e amor e, mesmo quando errarem, terão alguém que os compreenda e os ajudem a levantar e seguir em frente aprendendo com os erros.
Não deixe que as ocupações e a rotina façam com que você perca momentos especiais e importantes ao lado daqueles que são mais caros para você. Abrace, converse, compreenda, ame seus filhos e deixe que eles saibam disso, não apenas através de bens materiais, mas principalmente por meio do que não se perde como o amor, as memórias de carinho e afeto e os valores.
Ana Lúcia Torres
Psicóloga em formação