Relator das Nações Unidas diz que ações do presidente refletem em “tragédia”, com um número elevado de mortes no Brasil pela Covid-19
Relator da ONU (Organização das Nações Unidas) para liberdade de expressão, David Kaye alerta que ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra a imprensa e a disseminação de desinformação ocorrem por “motivos estratégicos”. Tais atos, segundo ele, representam uma “agressão à democracia”.
“Preocupa a forma pela qual o presidente usa plataformas para disseminar desinformação. Isso deve ser uma preocupação para todos, em todas alas políticas no Brasil”, disse em entrevista à coluna de Jamil Chade, do UOL.
Kaye concluirá em agosto seis anos de mandato na ONU na liderança dos temas de liberdade de expressão. Nesse período, casos como o de Glenn Greenwald e ataques contra jornalistas brasileiros passaram a fazer parte de seu trabalho.
Nos últimos dias, o americano tem acompanhado com preocupação a tramitação do Projeto de Lei das Fake News e chegou a enviar uma carta às autoridades brasileiras sobre os perigos que representa a iniciativa.
“Não é que o Brasil esteja sozinho nesse problema de governos usando essas plataformas para desinformar o público. Isso é um problema real. Da perspectiva da lei, todos queremos soluções fáceis. Queremos ter alguns limites e entendo isso. Mas frequentemente essas leis não são aplicadas para limitar membros do governo”, alertou Kaye, que vem pedindo que a tramitação do PL das Fake News seja suspenso.
Em sua avaliação, os ataques que o presidente da República faz contra a imprensa, bem como a disseminação de desinformação, estão sendo traduzidos em “tragédia”, com um número elevado de mortes no Brasil por conta da Covid-19. “O ataque do presidente aos jornalistas e sua disseminação de desinformação sobre o coronavírus, francamente, os brasileiros se deparam com as consequências disso neste momento, que é trágico”, disse.
Siga o Recôncavo no Ar nas redes sociais e fique por dentro de todas as informações e transmissões ao vivo na nossa página oficial.
Bahia.ba/ Foto: Marcos Corrêa