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Mulheres relatam casos de violência obstétrica sofridos em maternidade em Dias D’Ávila

Segundo vítimas, casos ocorreram na maternidade municipal Nilza Julieta Nascimento Ferreira, em Dias D’Ávila. Secretaria de Saúde da cidade diz que não tem conhecimento dos casos.

Mulheres que deram á luz na maternidade municipal Nilza Julieta Nascimento Ferreira, em Dias D’Ávila, região metropolitana de Salvador, relatam ter sido vítimas de violência obstétrica durante os partos. Os relatos vão desde violência verbal, piadas e demora no atendimento, até mortes de bebês.

Os casos começaram a ser descobertos depois que ao menos 12 mulheres criaram um grupo em um aplicativo de mensagens, para dividir as experiências que tiveram na maternidade. Há casos desde 2015 até de dezembro de 2019.

A dona de casa Lorraine Alves é uma das últimas vítimas do atendimento da unidade médica. Ela fala sobre a forma como foi tratada, inclusive na hora do exame de toque. A filha dela morreu há três meses.

“O exame de toque horrível. Abriu minhas pernas e já foi enfiando o dedo dentro da minha vagina como se eu fosse não sei o quê. ‘Ah, só tem um de dilatação. Vai voltar para casa’. Assim, com esse tom. Eu ainda disse que minha bolsa estava rompida, e ele: ‘Mas vai voltar para casa porque só tem um de dilatação, vai ficar fazendo o que aqui?’. Ai foi quando ele pegou os aparelhos para ver os batimentos da minha filha, que começou. Ele apertando. Eu já vi que tinha alguma coisa de errado ali, porque não estava localizando. Uma bebê com 40 semanas e cinco dias, rápido localizaria o coração dela”, disse a mulher.

Lorraine contou ainda que a mãe dela, que a acompanhava no exame, chegou a questionar a forma como o médico tratou a situação, mas que não adiantou muito.

“‘O feto está morto’. Dessa forma assim. Aí olhei para minha mãe, minha mãe estava comigo, e falei: ‘Mãe’. Aí ela falou: ‘Não doutor, não fale isso. Como você pode falar isso, desse jeito?’. Ai ele: ‘Não estou ouvindo o coração, então está morto'”, afirmou Lorraine.

A autônoma Geisa Miranda, que também teve a filha morta, fala que um laudo médico apontou negligência.

“O que eu busco mesmo é justiça. O atestado de óbito está aqui. Foi erro médico, foi negligência deles. Eles poderiam ter salvo a vida de minha filha. Mas, infelizmente, eles não fizeram nenhuma forcinha para isso”, disse.

Uma outra mulher que preferiu não se identificar disse que foi questionada por um dos médicos, após afirmar que sentiu dores durante o exame de toque.

“Na hora do exame de toque, eu disse a ele que estava doendo, e ele disse que era frescura, que exame de toque não doía. E falou outras coisas, tipo, que eu era mulher, que era pra ser forte. Isso cinco dias antes. No dia do meu parto, ele também atendeu da mesma forma. Ele fez exames de toque, doeu. Ele me falou isso: que na hora que eu fiz foi gostoso, que era para eu ter força para ter meu filho, que não faria cesária, só se fosse em caso de morte”, disse

Já uma outra afirma que teve ferimentos físicos após receber atendimento inadequado de uma enfermeira.

“Eu estava sentada em uma cadeira de parto, o médico teve que empurrar meu filho. Ele quase que deitou em cima de mim, porque meu bebê não saía. Ele teve que deitar em cima de mim para fazer força para meu bebê sair. E a enfermeira estava sem o material cirúrgico, sem instrumentos específicos. Ela com os dedos, ela me abriu e eu tive duas lacerações por causa disso”, contou.

Diante da situação, as mulheres procuraram ajuda profissional para denunciar o crime. Segundo Mauro Scherr, advogado responsável pelo caso, as denúncias estão divididas em três partes.

“Nós temos praticamente três objetos para cuidar. Temos uma ação indenizatória, indenização por danos materiais e principalmente morais. Temos também um procedimento contra os médicos e enfermeiros no âmbito administrativo do Conselho Regional de Medicina e no Conselho Regional de Enfermagem. E, por último, mais grave, temos o caso criminal. Nós temos, pelo menos, dois homicídios”, falou o advogado.

O que diz a Secretaria Municipal de Saúde

De acordo com Caio Cléssio Silva Cardoso, secretário de saúde da cidade, eles não receberam nenhuma ocorrência oficializada sobre o caso e que, portanto, desconhece a denúncia.

“A secretaria sempre prezou pelo cuidado humanizado e a humanização do nosso parto. Todas as nossas enfermeiras são enfermeiras obstetras. Se, por ventura, tem algum ato que seja identificado como violência obstétrica, nós e eu, secretário de saúde, faço questão de abrir o processo de investigação”.

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G1 Bahia/ Foto: Reprodução / TV Bahia

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