Rejane, que tinha um histórico médico de miomas e cistos, estava programada para realizar a cirurgia em fevereiro.
Duas cirurgias realizadas para garantir que Rejane Pimentel, de 56 anos, retornasse bem para casa acabaram em uma tragédia, deixando uma ferida eterna na família. Após uma internação prolongada no Hospital Jorge Valente, em Salvador, Rejane faleceu devido a uma sequência de erros médicos notados pelos familiares, em especial sua filha Carol Pimentel, que fez a denúncia.
Rejane, que tinha um histórico médico de miomas e cistos, estava programada para realizar a cirurgia em fevereiro. Porém, uma virose que causou diarreia e a deixou bastante enfraquecida adiou seus planos. A cirurgia foi realizada apenas uma semana após a doença, uma decisão que Carol classificou como “o primeiro erro” da sequência. Embora inicialmente considerada um sucesso no dia 26 de fevereiro, Rejane começou a sentir dores e náuseas crescentes já no dia seguinte. A cirurgiã responsável não visitou Rejane por dois dias, e, segundo Carol, os enfermeiros comunicaram aos médicos plantonistas que as dores eram uma reação normal pós-operatória.
Carol relatou que, no dia 27, sua mãe teve febre – um sintoma que não foi registrado no prontuário médico. Na mesma data, uma médica não identificada requisitou exames de sangue, imagem e urina, mas depois afirmou que o sangue estava normal, descartando a necessidade de exames adicionais. Contrariando essa afirmação, Carol, que é biomédica, observou que os leucócitos de sua mãe estavam quase em 13 mil, um indicativo de infecção que foi ignorado pelos médicos. No dia 28, Rejane já não conseguia comer, beber, falar normalmente ou urinar devido à dor intensa, o que levou Carol a insistir pelo exame de imagem, que havia sido anteriormente solicitado, mas não realizado.
Quando finalmente levaram Rejane para o exame, apenas um maqueiro estava disponível, e Carol teve que ajudar a transferir sua mãe de uma maca para outra. Um gastroenterologista examinou Rejane e sugeriu que ela estava apenas com gases. Apesar das preocupações de Carol sobre o severo desvio de septo de sua mãe, que dificultava exames nasais, os médicos tentaram, sem sucesso e com consequências dolorosas, colocar uma sonda nasogástrica.
Durante uma tentativa falha de sonda, a médica cirurgiã finalmente apareceu e interrompeu o procedimento ao notar um acúmulo de líquido na barriga de Rejane, o que exigiu uma segunda cirurgia emergencial. A comunicação entre os profissionais de saúde e a família falhou em clarificar o que exatamente ocorreu entre as atualizações do status da paciente, deixando Carol com preocupações graves sobre o cuidado que sua mãe estava recebendo. Apesar das afirmações de sucesso nas cirurgias e de melhorias esperadas, Rejane faleceu pouco depois.
Em resposta à denúncia, o Hospital Jorge Valente afirmou que o atendimento foi realizado por uma equipe qualificada e que todos os cuidados necessários foram providenciados. O hospital também destacou que possui uma Comissão de Análise e Revisão de Óbito para investigar todas as mortes, assegurando que examinariam o caso de Rejane minuciosamente. No entanto, até aquele momento, não havia sido notificado de quaisquer inconformidades pela família ou outros.
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