Conforme dados da Dow Química, medidas do buraco, que tem 111 metros de comprimento, estão estáveis desde agosto do ano passado, mas ainda não é possível prever quando se estabilizará definitivamente. Situação não oferece risco para comunidade e moradores próximos à cratera.
Em maio de 2020, os moradores de Vera Cruz receberam a informação de que a cavidade tinha crescido 20 metros em um ano. Atualmente, o buraco parece está estabilizado (cresceu apenas um metro de comprimento), mas a falta de respostas sobre a causa do buraco ainda preocupa.
“A gente pede resultados dos estudos. Todo mês cobramos os últimos resultados. Eles têm o prazo até junho e ficaram de passar até junho, mas todo mês, toda vez que a gente fala com a empresa, a gente cobra os resultados e como é que está a situação”, disse Elisângela Lopes, moradora da região e conselheira da Associação Comunitária de Matarandiba (Ascoma).
Há um ano, uma das reclamações dos moradores era a falta de informação dos órgãos e da empresa Dow Química, responsável pela área onde o buraco apareceu. A situação mudou, a Ascoma tem realizado reuniões mensais para saber atualização do tamanho da cratera.
“Todo mês a gente está tendo uma reunião com a empresa para falar sobre a evolução. A última informação que a gente teve foi de que ela se estabilizou em comprimento e largura. A profundidade diminuiu, porque à medida que ela vai caindo, ela vai estabilizando o fundo”, disse.
Nesta quinta-feira (1°), o Conselho Consultivo de Matarandiba (CCM) vai se reunir com a Dow Química para saber as novidades relacionadas ao mês de março.
“No início foi muito assustador e agora queremos saber o que causou, se foi uma causa natural, se foi uma ação do homem. A gente está preocupado em saber o que causou essa erosão”, questionou Elisângela Lopes.
“Não pode mesmo cair no esquecimento e a gente não deixa”.
A cratera, que fica a 1 km da vila de pescadores de Matarandiba, em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, foi descoberta em maio de 2018 e tinha 46 metros de profundidade, 69 metros de comprimento e 29 metros de largura, na ocasião. O primeiro aumento na estrutura foi divulgado em janeiro de 2019, quando cresceu quase quatro metros.
Até maio de 2020, última medição divulgada até então ao G1 pela Dow Química, o buraco tinha 110 metros de comprimento, além de 47,4 metros de largura e 32,7 metros de profundidade. No entanto, houve um “leve” crescimento no comprimento e largura e uma redução na profundidade.
De acordo com a empresa, as medidas mais atualizadas são: 111 metros de comprimento, 48,9 metros de largura e 24,4 metros de profundidade. Apesar da situação, por meio de nota, a multinacional garantiu que a comunidade não corre perigo e que adotou tecnologias de monitoramento na área.
Um inquérito civil público aberto pelo Ministério Público Federal na Bahia (MPF) apura o surgimento do fenômeno, chamado sinkhole. Em perícia técnica, foi averiguado que a Dow adotou medidas para a segurança da população local.
Conforme a Dow Química, desde a descoberta do sinkhole, a empresa já investiu mais de R$ 6 milhões nos estudos e em tecnologias de monitoramento em tempo real.
Em 2019, o MPF chegou a debater com representantes da Dow e integrantes do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) o possível aparecimento de outras crateras que pudessem oferecer risco à população e ao meio ambiente na região, além do aumento da cavidade.
Na ocasião, a Dow apresentou estudos que apontaram que não há risco para a população da vila, ou na área de operação da multinacional.
O que diz a Dow Química?
Em nota, a Dow Química informou que as análises para a descoberta das possíveis causas do fenômeno geológico seguem em andamento. A empresa alega que todos os estudos concluídos por ela e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) reafirmam a segurança da comunidade, do acesso à vila e das áreas de operação atual da empresa.
Segundo a empresa, painéis consultivos comunitários foram instituídos para discutir temas de relevância para as comunidades e prover atualizações sobre a atuação da companhia nas regiões. As reuniões são realizadas periodicamente com a comunidade de Matarandiba.
A companhia revelou que também criou, desde a descoberta do sinkhole, um grupo para contato permanente com os moradores da ilha, por meio de um aplicativo de mensagens, para estabelecer um canal aberto e direto com a empresa.
Afirmou também que, desde a descoberta do sinkhole, a Dow utiliza tecnologias de monitoramento de ponta que oferecem informações em tempo real dos movimentos do solo na área e são capazes de antecipar qualquer evento que possa trazer risco à Comunidade e seus empregados. São elas:
- Dados de satélite de alta precisão – esta tecnologia permite monitorar e recuperar a história da movimentação do solo em toda a região da ilha com precisão milimétrica. Com este monitoramento, é possível identificar qualquer variação no solo da região. Está em operação desde 26 de junho de 2018, sem nenhuma alteração identificada.
- Microssísmica – microssensores instalados para monitorar continuamente qualquer movimento e qualquer possibilidade de novas ocorrências de erosões. A capacidade de cobertura de cada equipamento atinge um raio de 4 km, o que faz com que o conjunto dos equipamentos cubra toda a ilha de Matarandiba. O sistema está em operação desde 23 de agosto de 2018, sem nenhuma atividade anormal no solo identificada até o momento.
Além disso, pontuou que o acesso ao local segue interditado por meio de barreiras de segurança. Na mais recente medição, constatou-se que a cratera tem as medidas de 111 metros de comprimento, 48,9 metros de largura e 24,4 metros de profundidade. O aumento do comprimento e largura e redução da profundidade é prevista e é característica deste fenômeno geológico.
Informou também que a tendência deve seguir até a completa estabilização do terreno. Que, na base mais larga, o vazio subterrâneo conta com 112 metros de comprimento, oito metros a menos que o constatado em maio de 2020. As medidas se encontram estáveis desde agosto do ano passado, mas ainda não é possível prever quando se estabilizará, uma vez que depende de uma série de fatores geológicos.
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G1 Bahia/ Foto: OrtoPixel – Soluções com Drones, Geotecnologias e Arquitetura