Cidades

Seis casos de nova variante da dengue são registrados em Feira de Santana

Os resultados foram confirmados pelo Laboratório Central da Bahia (Lacen).

Seis casos de uma nova variante da dengue tipo 2, chamada Cosmopolita II, foram registrados em Feira de Santana, dos oito que foram notificados e estavam em investigação no estado da Bahia. Os resultados foram confirmados pelo Laboratório Central da Bahia (Lacen).

Em entrevista ao Acorda Cidade, o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, informou que se reuniu na manhã desta quinta-feira (8) com equipe do Lacen, para discutir a circulação desta nova cepa da dengue no município.

“Tem uma nova cepa aqui em Feira de Santana, com seis casos identificados de oito que tem na Bahia. Nós não sabemos como é que chegou aqui e tem em Camaçari. Mas, isso significa como se fosse a Ômicron  para a Covid-19. Não temos ideia ainda dessa variante genômica, da gravidade que ela pode provocar, se situações como hemorragias nasais, da boca e internas, que os casos graves de dengue podem provocar. E não sabemos ainda se esses casos vão evoluir para isso, mas quando se tem uma mudança de genoma, significa que esse vírus pode provocar qualquer situação mais difícil”, explicou.

Conforme o prefeito, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) está se reunindo com as equipes do Núcleo Regional de Educação (NRE), da Vigilância Epidemiológica, outros departamentos da secretária de saúde, além dos agentes de endemias, para que se possa fazer um combate mais forte e de identificação de pessoas que já contraíram em Feira.

“Os pacientes não estão internados, duas dessas pessoas foram procuradas porque estavam em uma casa e depois não foram mais encontradas, e neste momento nós não temos certeza se essa mudança, essa alteração genômica do vírus, é mais fatal. O vírus sofreu uma mutação e alguma coisa ele pode provocar de mais grave. Estamos fazendo a investigação”, explicou o prefeito.

O gestor municipal apelou ainda para que a população mantenha os cuidados e evite água parada em recipientes, sobretudo neste período de chuvas.

“Está chovendo, e a quantidade de vezes que se acumula água em cocos, cascas de ovo, tampilhas nas ruas, em plásticos, o mosquito se reproduz. Se não tomarmos cuidado conosco, esses vírus irão se reproduzir, porque o Aedes Aegypti está transmitindo. Plantinhas em casa, se acumulam água, o vírus pode estar ali, porque o mosquito vai estar também. Então dependemos muito do cuidado das pessoas em suas próprias casas, no comércio e local de trabalho”, enfatizou Colbert Martins.  

Sequenciamento genômico

A Bióloga sanitarista Sandra Oliveira, que atua como coordenadora estadual de doenças transmitidas por vetores, informou que a nova linhagem da dengue no estado foi identificada a partir de um projeto de vigilância genômica do Lacen, onde amostras que são encaminhadas e que são identificadas como dengue do sorotipo 2, são submetidas a um sequenciamento genômico.

“Foi identificado em dois municípios da Bahia, sendo um desses Feira de Santana, com seis amostras positivas identificadas classificadas como o Denv II do genótipo Cosmopolita II. Devemos fazer uma ressalva que não é momento para a população ou os profissionais de saúde, entrem em pânico ainda, mas é um momento para que estejamos em alerta, em atenção, porque essa linhagem do sorotipo II da dengue foi identificada pela primeira vez aqui no estado. No Brasil, foi identificada nesse ano em Aparecida de Goiânia, em Goiás, e a gente não sabe ainda dizer com melhor precisão sobre o comportamento dessa variante, se ela pode ser mais transmissível ou mais grave. Não podemos ainda afirmar e existem estudos para que possamos fazer mais à frente essa referência”, explicou a bióloga.

Sandra Oliveira solicitou que a população reforce as medidas preventivas, frente à presença do novo vetor, para que os índices se mantenham dentro do esperado.

“Se a gente evitar as condições ideais ao aparecimento do Aedes, então a gente consegue fazer com que o controle vetorial esteja dentro do esperado. A dengue, na verdade, tem quatro sorotipos: o Denv-1, Denv-2, Denv-3 e o Denv-4, e dentro do sorotipo 2 temos seis linhagens, ou seja, esse vírus pode sofrer mutações ao longo do tempo. E com isso aqui no estado da Bahia foi identificada pela primeira vez a linhagem do genótipo cosmopolita II, que já está presente em grande parte do mundo. Entretanto, aqui nas Américas, ele foi introduzido pela primeira vez no Peru, em um surto que ocorreu em 2019 e agora aqui no Brasil foi identificada em Goiás, em Aparecida de Goiânia, e temos alguns relatos de que já apareceu em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. E agora o Lacen Bahia identificou essas seis amostras aqui em Feira de Santana e duas em Camaçari”, informou.

Ações de combate

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Feira, Carlita Correia, que participou do encontro com a equipe da Sesab, ressaltou que as formas de controle do novo vetor da dengue são os mesmos.

“As ações são as mesmas relacionadas à população e os cuidados que ela tem que ter, que a gente já vem batendo nisso há muito tempo, e as ações de campo que já são feitas e que neste momento, a gente tende a vigiar mais, a intensificar. O município já está trabalhando em alguns pontos que a gente percebe que tem mais casos de dengue e faz um mutirão. Então da mesma forma que a gente já tinha começado a trabalhar, de forma mais intensa, por conta de um aumento nos casos de dengue, a gente vai agora intensificar ainda mais essas ações”, destacou.

Ela ressaltou que todo tipo de dengue é preocupante, mas o município tem profissionais capacitados nas unidades para fazer esse levantamento, quando o paciente chega na unidade, e fazer o manejo clínico adequado.

“A gente tem a forma clássica, que são sinais e sintomas leves, e o tipo 2 que são os sintomas que inspiram mais cuidados, que a gente vê a questão da hemorragia, alguns sinais através de exames de laboratório, e a gente consegue perceber e identificar. Através do manejo clínico a gente percebe que tem tanto a dengue clássica quanto esse genótipo 2 são preocupantes, se a gente não consegue fazer essa identificação e preservar a vida do paciente. Em relação ao campo, não digo que a gente tem uma preocupação alarmante, porque o município está tomando medidas cabíveis para identificar, e se a população entende que os cuidados que tem que tomar são os mesmos, de intensificar nas suas casas, e não deixar vasilhames, plantas com água, se ela entende que a preocupação da Secretaria e dela é igual, a gente pode dizer que não tem como ficar desesperado”, orientou.

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