Mais duas ‘caixas misteriosas’ de navio nazista aparecem em praias de Salvador

O objeto, na verdade, é um fardo de borracha que era transportado por um navio Nazista que naufragou em 1944 no litoral nordestino. 

Duas novas ‘caixas misteriosas’ apareceram nas praias de Itapuã e do Flamengo, em Salvador. Os objetos, que eram a carga de um navio nazista, foram removidos pela Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) nesta terça-feira (2).

Por conta do peso, foi necessária a utilização de um caminhão na remoção. Os pacotes, que pesam até 200kg, serão encaminhados para Capitania dos Portos.

O objeto, na verdade, é um fardo de borracha que era transportado por um navio Nazista que naufragou em 1944 no litoral nordestino. 

Desde agosto de 2018, fardos parecidos foram encontrados em praias do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e até na Flórida, nos Estados Unidos. Pesquisadores notaram um detalhe: uma inscrição dizendo “Made in Indochina”. Essa colônia francesa foi desfeita em 1954, dando lugar a países como Laos, Camboja e Vietnã. Ou seja: o que quer que fossem os objetos, eles tinham sido produzidos há, ao menos, 65 anos.

Carlos Teixeira, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), encontrou um vídeo de 1944 que mostrava pescadores recolhendo objetos parecidos nas águas nordestinas. Os fardos em questão eram a carga de um navio do Exército Nazista que foi afundado no dia 4 de janeiro daquele ano, no auge da Segunda Guerra Mundial. Em um artigo, o professor explica que a borracha, usada nos pneus e armas, não era produzida no território alemão e precisava ser importada de lugares como a Indochina.

Para percorrer os 10 mil quilômetros que separavam esses países, os alemães utilizavam navios chamados “Blockade Runners”, que eram ágeis e conseguiam furar os bloqueios marítimos feitos pelos Aliados. Também costumavam usar rotas alternativas, contornando a América do Sul e chegando à Europa pelo Oceano Atlântico.

Mas nem sempre a estratégia dava certo e, naquele 4 de janeiro de 1944, o SS Rio Grande – o navio alemão usava um nome em português para confundir os inimigos – foi interceptado pelo contratorpedeiro USS Jouett e pelo cruzador USS Omaha no mar entre Natal e a Ilha de Ascensão, no nordeste do Brasil, ponto estratégico para os Aliados – rivais dos nazistas.

Os alemães tentaram fugir, mas foram abatidos pela Marinha Americana. Uma pessoa morreu, 71 ficaram feridas e o navio, junto com sua carga, foi parar a 5,7 mil metros de profundidade – e lá ficou até agosto de 2018.

O que trouxe a carga de volta à superfície ainda é mistério, mas há duas teorias principais: uma a de que o desgaste natural abriu um buraco no porão do navio, deixando a borracha escapar. A outra, mais aceita, especula que um grupo de piratas teria ido até o local do naufrágio para recuperar outros itens do SS Rio Grande: 500 toneladas de estanho, 2.370 de cobre e 311 de cobalto, sendo este último o objeto de desejo dos piratas.

No processo de retirada do metal nobre, a borracha, que boia, teria escapado. Então, as correntes marítimas completaram o serviço e, desde então, esses “fardos misteriosos” têm aparecido nas praias do litoral nordestino.

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