Política

Maia defende isolamento e diz que liberação pode provocar tragédia

O presidente da Câmara fez as declarações no mesmo dia em que o governo federal lançou uma campanha que defende a flexibilização do isolamento social

Na contramão do que defende o governo federal, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta sexta-feira (27) que o fim precoce do isolamento social pode colocar o Brasil no caminho dos países que tomaram decisões erradas na crise do coronavírus e, com isso, provocaram tragédias.

Maia participou por videoconferência de uma transmissão ao vivo da Lide, associação que reúne empresários e que foi fundada pelo atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB).Na live, o deputado afirmou que uma onda de abertura de empresas e comércios antes do tempo pode provocar uma tragédia maior na perda de vidas pelo colapso do sistema de saúde.

O presidente da Câmara fez as declarações no mesmo dia em que o governo federal lançou uma campanha que defende a flexibilização do isolamento social.”Ou vamos seguir os exemplos de posições corretas -e decisões erradas geraram tragédias em outros países-, ou nós vamos navegar no escuro”, afirmou Maia. “Como é navegar no escuro, a gente tem que rezar, e não vai sobrar nada que não seja rezar”.

“Vamos rezar para ver se a população brasileira tem um nível de defesa do vírus maior que a dos outros países, uma imunidade maior que a dos outros países”, ironizou.Nesta sexta, um mês depois de lançar a campanha “Milano Non Si Ferma” (Milão Não Para), autoridades italianas admitem agora que a estratégia foi um erro.

O número de mortes na Itália por causa do Covid-19 foi de 919 nas últimas 24h, disse a agência de proteção civil. Até agora, 9.143 pessoas morreram por conta da epidemia no país. É o recorde para um único dia. Antes, havia sido o 21 de março, quando 793 pessoas haviam morrido.

Maia defendeu ainda que a população siga as orientações sanitárias e que o governo organize a estrutura da sociedade para amenizar os impactos na economia e no sistema de saúde nas próximas semanas. A partir daí seria possível começar a divulgar uma liberação do isolamento.

“Nesse momento, do jeito que as coisas estão indo, acho que a gente corre risco muito grande, e vamos rezar para que não, um risco muito grande para que a gente tenha no brasil o que aconteceu na Itália, o que está acontecendo na Espanha, na França e agora em Nova York, que está uma situação muito preocupante”, afirmou.

O deputado voltou a defender a reabertura do diálogo entre os Poderes, em conversa que poderia contar com a participação de um governador por região.”O presidente tem uma posição, os governadores têm uma posição, nós temos uma posição. Então temos que tentar encontrar um denominador comum nas nossas posições para que a gente possa sinalizar à sociedade o mínimo de harmonia entre todos os entes federados e entre todos os Poderes”.

Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo Ministério da Saúde, 92 pessoas já morreram no país por causa do coronavírus. Ao todo, já são ao menos 3.417 registros da Covid-19.

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Notícias ao minuto/ Foto: REUTERS / Adriano Machado

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