Lula tem dado sinais de que pode mudar o critério de escolha para a PGR se for eleito em outubro.
Aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm feito uma defesa que pode soar como curiosa, no mínimo, e pedem a manutenção de um importante aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) na função que exerce atualmente.
Os aliados de Lula entendem que pode ser benéfica a manutenção do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, caso o petista vença a eleição para a presidência no próximo pleito. As informações são da colunista do Uol, Carolina Brígido.
À primeira vista, parece contraditório, porque Aras é considerado aliado importante do presidente Jair Bolsonaro. No entanto, o que agrada o entorno de Lula é o perfil de atuação do procurador.
Quando foi nomeado procurador-geral da República, em 2019, Aras amplificou as críticas à Lava Jato. Passou a tomar providências para coibir o que considera “abusos” dos investigadores de Curitiba.
Para parte do Ministério Público, as medidas tomadas foram uma forma de reduzir as ferramentas de combate à corrupção, o que gerou indisposição da categoria com o procurador-geral.
O mandato de Aras termina em setembro do ano que vem – ou seja, ele continuará no cargo na parte inicial de um eventual governo Lula. Na mesma entrevista à coluna, Aras disse que não mudará o estilo de trabalho se o petista for eleito. “Sou coerente”, disse.
Nos oito anos que esteve no poder, Lula escolheu para procurador-geral da República nomes apresentados na lista tríplice do Ministério Público. Dilma Rousseff fez o mesmo nos seis anos que ocupou o Palácio do Planalto. Foi uma forma de prestigiar o Ministério Público que, na prática, resultou em revés para ambos.
Lula tem dado sinais de que pode mudar o critério de escolha para a PGR se for eleito em outubro. Assessores próximos do petista defendem que ele descarte a lista tríplice e passe a escolher nomes de confiança. Ou, ainda, com menor disposição para apresentar denúncias contra o presidente da República.
À colunista, Aras disse que não tem interesse em ser reconduzido para a PGR, mesmo que seja indicado. Segundo ele, em 2023 ele vai se aposentar e vai escrever sobre sua experiência no cargo de procurador-geral da República. Aliados de Lula não acreditam que ele desdenhe de eventual convite para permanecer no cargo.
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