Ex-ministro da Secretaria de Governo aponta incoerências na gestão do presidente a julgar o que foi propalado em discurso de campanha.
O ex-ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz, quer distância do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Demitido do governo em junho, o militar da reserva disse em entrevista à BBC News Brasil não descartar se filiar a um partido político e disputar eleição no futuro. Embora ainda não saiba por qual sigla e para qual cargo, tem certeza de uma coisa: só não o fará ao lado do seu antigo chefe.
Para ele, Bolsonaro deixou o PSL para criar uma nova sigla, a Aliança pelo Brasil, não por divergência ideológica, mas devido a disputas para controlar dinheiro dos fundos partidário e eleitoral.
“Eu não entraria em um partido hoje do presidente Bolsonaro de jeito nenhum. Ele tem valores que não coincidem com os meus; ele tem atitudes que eu acho que não têm cabimento”, afirmou Santa Cruz.
Indagado sobre quais seriam esses valores, prosseguiu: “Em primeiro lugar, a maneira como se conduz as coisas. A maneira de se tratar dos problemas, a maneira de você ser honesto nos seus propósitos e como você lida com as pessoas. A influência familiar, por exemplo, eu acho que não é boa, a sociedade brasileira não aceita. Ela votou no presidente Bolsonaro, ela não votou na família Bolsonaro. Na sociedade brasileira, a gente não gosta nem que parente se meta na vida particular da gente, muito menos num ambiente nacional”.
Santos Cruz deixou o governo após sofrer uma onda de ataques nas redes sociais que teria sido orquestrada por um dos filhos do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). A campanha de difamação incluiu uma imagem, falsa segundo o general, de uma conversa dele com ataques ao governo.
“Uns criminosos vagabundos de baixo nível fazem aquilo, entregam para o presidente (a imagem forjada), incrivelmente ele acredita naquilo e incrivelmente ele até hoje se nega a dizer quem levou aquilo para ele. São coisas que não se pode esperar de uma autoridade que tem essa responsabilidade”, afirmou à BBC.
Ao fazer um balanço do primeiro ano de Bolsonaro, Santos Cruz aponta incoerências com o discurso de campanha, marcado pela bandeira anticorrupção.
“O combate à corrupção, que foi o carro-chefe, digamos assim, junto com o antipetismo, o combate à corrupção não ficou tão caracterizado e acho até que, em alguns pontos se afastou, se afastou disso aí. E isso aí eu acho que trouxe desilusão para muita gente”, declarou.
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Bahia.ba/ Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil