Salvador e RMS

Fósseis de plantas e animais de 130 milhões de anos são achados na Ilha de Itaparica: ‘Possível que alguns se tratem de espécies novas’

Os fósseis coletados são estudados para categorização e descrição. Alguns estão em exposição no Museu de Zoologia da UEFS e disponíveis para visitação de todo o público.

Fósseis de plantas e animais do período Cretáceo, há 130 milhões de anos, foram coletados na Ilha de Itaparica, na região metropolitana de Salvador. O estudo, comandado pelo pesquisador da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Téo Oliveira, começou em 2011 e tem como objetivo conhecer mais sobre os organismos que viveram neste período na região.

Oliveira conta que a maioria dos exemplares coletados na ilha é de peixes. Alguns, segundo ele, possivelmente são espécies novas.

“Na minha opinião, alguns dos espécimes mais interessantes são de peixes com escamas muito grossas que eram tratados como Lepidotes, um gênero que hoje se acredita não ter vivido na América do Sul. Então é possível que alguns espécimes que coletamos se tratem de espécies novas, como foi apontado pela professora Valéria Gallo da Universidade do Estado de Rio de Janeiro/UERJ, que é especialista em peixes fósseis e hoje colabora com a pesquisa”, continua Oliveira.

“A maior parte dos espécimes que coletamos são peixes, mas também coletamos algumas plantas não identificáveis devido ao processo de fossilização pelo qual passaram, invertebrados como ostracodes (crustáceos de tamanho diminuto) e coprólitos (fezes fossilizadas, provavelmente de outros peixes). Entre os peixes que coletamos estão celacantos da espécie Mawsonia gigas. Os maiores podiam chegar a 6 metros de comprimento, mas nossos espécimes deviam ficar por volta dos 2 a 3 metros. Também coletamos vários espécimes de Cladocyclus sp. e de Scutatospinosus itapagipensis. O mais bonito deles coletado por um morador da Ilha de Itaparica e doado para o Museu de Zoologia da UEFS”.

Os fósseis foram encontrados em rochas localizadas na Ilha de Itaparica. Téo Oliveira conta que o local foi escolhido para a pesquisa porque oferece material vasto para estudo.

“Esta região tem afloramentos de rocha conhecidos há muito tempo e que contêm fósseis idade principalmente cretácica (cerca de 130 milhões de anos) estudados há mais de um século. Assim, já que eu e outros colegas paleontólogos (a professora Carolina Saldanha Scherer da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/UFRB e o professor Alexandre Liparini que compunha o quadro da Universidade Federal do Sergipe/UFS e hoje está em Minas Gerais, na UFMG), estávamos aqui tão perto da Ilha, resolvemos investir esforços em coletar fósseis que pudéssemos estudar”.

Maioria dos exemplares coletados na Ilha são peixes — Foto: Equipe da Divisão de Mamiferos do Museu de Zoologia da UEFS / Divulgação
Maioria dos exemplares coletados na Ilha são peixes — Foto: Equipe da Divisão de Mamiferos do Museu de Zoologia da UEFS / Divulgação

Téo Oliveira explica o trabalho envolve diversas fases. Após encontrar os fósseis, eles são removidos e recuperados.

“Nós visitamos afloramentos de rocha onde sabidamente já foram coletados fósseis ou rochas que tenha o potencial de conterem fósseis. Chegando nos afloramentos, contamos com que a erosão das rochas tenha exposto algum fóssil para que possamos reconhecê-lo quando no afloramento. No caso da Ilha de Itaparica, a maioria dos afloramentos está na zona de ação da maré, então a erosão é bastante significativa, o que faz com que muitos fósseis sejam expostos, mas faz com que sejam destruídos mais rapidamente também. Encontrando algum fóssil, temos que tentar remover ele do afloramento e levá-lo de forma segura para o laboratório. Se o fóssil é pequeno, podemos recortar um pedaço da rocha com o fóssil, embrulhá-lo e guardar em um pote com algodão. Se o fóssil é maior e mais resistente, podemos coletá-lo aos pedaços. Entretanto, se o fóssil é maior, frágil, temos que fazer um envoltório de gesso ao redor da rocha que contém o fóssil para levá-lo em segurança”.

“Quando o fóssil chega no laboratório, vem a parte delicada do trabalho: pegar cada espécime coletado e tentar remover a rocha ao redor dele com ferramentas odontológicas, pequenos martelos e agulhas, para que o fóssil possa ser descrito e publicado. Normalmente este trabalho é feito sob lupa”.

Os fósseis coletados são estudados para categorização e descrição. Alguns estão em exposição no Museu de Zoologia da UEFS e disponíveis para visitação de todo o público.

“Exposição de caráter permanente. Eventualmente, algum fóssil é retirado da exposição, para que seja mais bem preparado e estudado e, após isto, retorna para a exposição”, conclui Oliveira.

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G1/ Foto: Divulgação

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