Escolas e professores pedem que alunos voltem a usar máscara mesmo sem sintomas
O uso de máscara em espaços fechados, como salas de aula, deixou de ser obrigatório na Bahia em abril de 2022 devido a queda na quantidade de pacientes com covid e a redução da taxa de transmissão da doença.
A partir de hoje estudantes, professores, funcionários e visitantes de escolas públicas e privadas devem voltar a usar máscara, mesmo que não apresentem sintomas gripais, ao menos é o que pedem os sindicatos. O equipamento não é obrigatório na Bahia, por isso, o uso é facultativo, mas as entidades que representam escolas e professores pedem que a comunidade escolar use a proteção por conta do crescimento do número de casos de covid em todo o país. Escolas também emitiram comunicados individuais e pais estão preocupados.
O uso de máscara em espaços fechados, como salas de aula, deixou de ser obrigatório na Bahia em abril de 2022 devido a queda na quantidade de pacientes com covid e a redução da taxa de transmissão da doença. Porém, o aumento no número de casos confirmados do novo coronavírus nas últimas semanas tem levado escolas a recomendar a proteção para todos e o afastamento imediato de quem apresentar sintomas gripais.
O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino da Bahia (Sinepe-BA), Jorge Tadeu Coelho, contou que a recomendação sempre existiu como uma medida de prevenção e que a nota enviada para as escolas reforça a necessidade de proteção.
“O Sinepe orientou às escolas que recomendem, como medida preventiva, o uso de mascarás e higienização das mãos. Trata-se de um cuidado que, entendemos, todos devam tomar. Lembramos a todos que dentro de uma semana haverá um recesso escolar, as famílias estarão em muitos lugares diferentes e, as escolas desejam receber as crianças alegres e saudáveis, com saúde física e emocional”, disse.
Ele contou que por enquanto não há discussão sobre a necessidade de ensino remoto. Neste período do ano, os sintomas gripais se proliferam por conta das arboviroses (dengue, zika e chikungunya) típicas do outono-inverno, mas em época de covid o medo é justificado. Uma mãe, que pediu para não ser identificada, disse que está assustada. “Meu filho e vários coleguinhas dele estão com sintomas, e a gente fica sem saber se são casos de gripe ou se é surto de covid. Quando retornar, ele vai usar máscara”, contou.
A filha da técnica de enfermagem Márcia Vieira, 41 anos, está com covid. “Descobrimos depois que ela manifestou os sintomas, sendo que no dia anterior ela estava na escola. Avisei à diretora para avisar aos outros pais e estou mantendo minha filha em casa”, disse.
Para outra mãe, que também pediu a anonimato, falta coordenação geral. “Cada escola faz o que bem entende. Nas escolas menores, os pais fazem um pacto e conseguem se manter informados, mas nas escolas maiores falta transparência. É preciso voltar com os boletins epidemiológicos, como existiam até março”, afirmou.
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) também recomendou que todos os professores usem o equipamento, independentemente de ter sintomas da doença. “A APLB-Sindicato recomenda aos (às) trabalhadores da educação e toda a comunidade escolar a retomada e intensificação do uso de máscaras. A máscara protege você e outras pessoas”, diz o comunicado divulgado na sexta-feira (3). A entidade não tem dados de trabalhadores da educação que estão infectados.
Cenário
Em uma semana, o estado registrou aumento de 86% nos casos ativos de covid-19. Na quinta-feira (02), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) informou que 953 pessoas estão contaminadas. No dia 26 eram 512. Uma falha no sistema e-SUS e SivepGripe do Ministério da Saúde impediu a atualização dos números no fim de semana.
O médico infectologista e professor da Faculdade AGES, Gláucio Mosimann Júnior, contou que a flexibilização da máscara, o retorno de eventos com grandes aglomerações e a proliferação de novos vírus são responsáveis pelo crescimento no número de casos. Ele lembrou que as novas variantes da covid são mais transmissíveis e defendeu o uso do equipamento nas escolas.
“O uso de máscaras deveria ser retomado em locais fechados. A população mais vulnerável deve usar o modelo N95, que protege mais, e o restante da população pode continuar usando o modelo cirúrgico. Já os ambientes abertos são mais seguros e nesse momento podemos abrir mão do uso de máscara nesses espaços, mas quem fica em ambientes fechados, como escolas, hospitais e farmácias eu recomendo usar”, afirmou.
Ele acredita que algumas prefeituras vão adotar a obrigatoriedade em breve e lembrou que ainda existem muitas perguntas sem respostas sobre as novas variantes e sobre o comportamento da nova onda de covid. “É um cenário incerto. Estamos em um momento de aumento no número de casos e a recomendação para a população é o retorno do uso de máscara em ambientes fechados, principalmente para os grupos de risco, mesmo que as autoridades não determinem”, disse.
As Secretarias da Educação da Bahia e de Salvador informaram que estão seguindo as orientações das autoridades sanitárias e que por enquanto o uso de máscara é facultativo. Já a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) disse que no momento não há nenhuma diretriz do governo para a volta da exigência do uso desse acessório.
Comunicados
Na semana passada, o Colégio Cândido Portinari, no Costa Azul, enviou um comunicado aos pais solicitando autorização para testar os estudantes do ensino médio. A medida foi tomada após casos serem confirmados nas turmas desse período. O Colégio Marista, em Patamares, também emitiu um aviso recomendando o uso de máscara e informando que crianças com sintomas gripais devem aguardar em casa por 48h e passar por avaliação médica antes de retornar para a escola.
O Colégio Sartre também avisou aos pais o aviso de que estudantes doentes não podem frequentar a escola, mesmo que apresentam sintomas leves. A instituição recomendou o uso de máscara por todos os alunos e por todos aqueles que precisem acessar a escola, além de redobrar a atenção com a higienização das mãos. Em comunicado enviado aos pais, o Colégio Anglo-Brasileiro pediu que estudantes de três séries usem máscara mesmo sem sintomas. A medida foi preventiva, após a confirmação de casos.
A Escola Pingo de Gente lembrou que a medida é para o bem de todos e pediu a colaboração dos pais. O Colégio Integral também mandou um aviso aos pais dizendo que em função do crescimento de casos de covid no Brasil está recomendando o uso de máscara por estudantes, professores e funcionários a partir desta segunda-feira (6). O comunicado lembra que apesar do equipamento não ser exigido pelas autoridades sanitárias, é uma medida de proteção e cuidado com todos.
Na semana passada, os pais de estudantes do Colégio Oficina fizeram uma carta pedindo mais transparências nas informações depois que casos de covid foram confirmados na instituição. A direção disse para as famílias que solicitou aos professores e funcionários o uso de máscaras, afirmou que redobrou os cuidados com a higienização e pediu que as crianças com sintomas não sejam enviadas para a escola, que façam o teste para covid e aguardem em casa até o resultado.
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Conteúdo Correio