Ameaça à permanência do ministro aprofundou racha no União Brasil.
Em encontro aguardado para esta segunda-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve cobrar esclarecimentos públicos do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, sobre denúncias de utilização irregular de avião da FAB (Força Aérea Brasileira).
A linha defendida no Palácio do Planalto é para que o ministro adote um discurso favorável à transparência e se disponha a dar explicações tanto em entrevistas à imprensa quanto em audiência no Congresso Nacional caso seja convocado a prestar esclarecimentos.
O objetivo é tentar estancar uma crise política criada pelo ministro que tem desgastado tanto a imagem do governo federal como a relação institucional entre PT e União Brasil, partidos que fazem parte da Esplanada dos Ministérios.
O ministro tem agenda administrativa pela manhã na pasta e, segundo aliados políticos, ainda aguarda que o horário da reunião seja marcado. Ele deve levar ao encontro de Lula documentos para refutar irregularidades na utilização da aeronave. Além disso, deve compartilhar com Lula opiniões favoráveis ao trabalho dele entre empresários do segmento de comunicação, sobretudo por uma atuação pragmática, sem viés ideológico.
A avaliação compartilhada nos últimos dias por Lula com assessores do governo é de que o episódio exige cautela. E que, por isso, uma demissão sumária, que contrarie a cúpula nacional do União Brasil, pode inviabilizar projetos de interesse do governo no Congresso Nacional.
Em mais de uma conversa, relatada à CNN, Lula demonstrou sinais de resistência a um afastamento neste momento de Juscelino.O discurso é de que o momento exige uma relação harmônica com o União Brasil e com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que é aliado de primeira hora do ministro.
E que uma troca do ministro seria feita caso houvesse um consenso na legenda, o que não existe neste momento. Neste domingo (5), os líderes do União Brasil na Câmara dos Deputados e no Senado Federal defenderam a permanência do ministro no cargo em nota divulgada à imprensa.
Nos bastidores, parlamentares relatam que a escolha por um posicionamento público é mais uma defesa do partido do que uma manifestação pró-Juscelino. Ainda assim, os líderes do União Brasil no Senado e na Câmara, que assinam a nota, relataram à CNN que acreditam na permanência do ministro no cargo.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) também já teria sinalizado a aliados não ser favorável a uma troca neste momento. Internamente o PT não trabalha com um plano B para ocupar a vaga de Juscelino.
Apesar do apoio dos líderes do partido, um grupo do União Brasil tem pressionado pela saída do ministro. O grupo tem visto no episódio uma oportunidade de negociação com o governo federal e defende uma conversa “de cima para baixo”, ou seja, que o governo procure instâncias superiores da legenda, a exemplo do presidente Luciano Bivar (União Brasil-PE), que não opinou nas indicações ministeriais.
A bancada do partido na Câmara dos Deputados conta com 59 parlamentares. O Planalto avalia ter margem para conseguir o apoio de 40 deputados federais na aprovação de pautas governistas, a ala descontente com governo acredita que o apoio está comprometido.
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