Defesa de Fabrício Queiroz, seu amigo e ex-assessor de seu filho, usou o coronavírus para justificar pedido de liberdade
No início da pandemia da Covid-19 no Brasil, em meados de março, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), foi contra a soltura de detentos por causa do novo coronavírus, que provoca a doença.
Na época, ele disse que, se dependesse dele, ninguém seria solto, e que presos estão mais protegidos na cadeia. “Eu, se depender de mim, não soltaria ninguém. Afinal de contas, [os presos] estão muito mais protegidos dentro da cadeia, porque nós proibimos as visitas íntimas, proibimos as visitas também nos presídios, de modo que estão bem protegidos lá dentro”, disse Bolsonaro, durante entrevista à RedeTV.
Nessa entrevista, Bolsonaro criticava a recomendação do Conselho Nacional de Justiça de transferir para o regime domiciliar os presos que fazem parte do grupo de risco.
Em contradição com esse pensamento, seu amigo Fabrício Queiroz, ex-assessor de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), usou justamente o mesmo motivo, o vírus, como justificativa para solicitar prisão domiciliar.
No pedido, que foi aceito na quinta-feira (9), pelo presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), João Otávio de Noronha, a defesa de Queiroz afirmou que o policial militar aposentado tem câncer no cólon e recentemente passou cirurgia de próstata.
Não somente ele teve o pedido de prisão domiciliar concedido, como também sua esposa, Márcia Aguiar, que inclusive está foragida. Ela é considerada foragida pela Justiça desde o dia 18 de junho, quando seu marido foi preso preventivamente em Atibaia (SP), em um imóvel que pertence a Frederick Wassef, advogado do presidente Jair Bolsonaro.
Noronha, o presidente do STJ que atendeu ao pedido da defesa de Queiroz, é apontado como um dos candidatos a uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) que terá indicação de Bolsonaro.
Rachadinhas – Detido em uma cela no presídio de Bangu, no Rio, Queiroz foi preso no âmbito da investigação sobre o esquema de “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio, no gabinete do então deputado estadual e hoje senador Flávio Bolsonaro.
A prática da “rachadinha” ocorre quando funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários. O filho de Bolsonaro foi deputado estadual de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019. Com informações da coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
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Bahia.ba/ Foto: Reprodução