Curiosidades sobre Amargosa no Vale do Jiquiriçá
O tôponimo do povoado de Amargosa originou-se da grande quantidade de pombas de carne com sabor amargo existente na região, constituindo-se numa atração para os caçadores.
Amargosa teve a sua origem na segunda metade do século XVIII, quando agricultores, procedentes dos antigos povoados de Santo Antônio de Jesus e Nazaré das Farinhas, atraídos pela fertilidade das terras Amargosenses, principalmente as das margens do rio Ribeirão, chegaram à terra, dedicando-se às culturas de fumo, café e cana-de-açúcar.
O tôponimo do povoado de Amargosa originou-se da grande quantidade de pombas de carne com sabor amargo existente na região, constituindo-se numa atração para os caçadores.
Amargosa, em 1848, pertenceu à antiga vila de Tapera, hoje cidade de Santa Terezinha. Pela Resolução Provincial de n°1.726, de 21-04-1877, foi criada a vila de Amargosa, que, em 19-06-1891, teve sua elevação à categoria de cidade, através de ato do dr. José Gonçalves da Silva, então governador da Bahia. A instalação da comarca aconteceu em 11-08-1892. Alguns historiadores noticiaram que, perto da cidade de Amargosa, no lugar denominado Baitinga, viveu um índio com esse nome, descendente dos Cariris da aldeia de Pedra Branca, no hoje município de Santa Terezinha. Esse índio, segundo consta, era muito inteligente e foi batizado com o nome de João.Intitulou-se capitão e senhor de terras havidas por Sesmarias ( terras incultas ou abandonadas, cedida sesmeiros que se dispunhassem a cultivá-las).
Amargosa crescia em passos avantajados e, ainda em 1892, foi criada a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, que, em 1894, inaugurou o Hospital da Santa Casa, tendo como primeiro provedor o dr. Eduardo Silva.
Em 1917 foi iniciado a construção da Catedral de Nossa Senhora do Bom Concelho, idealizada pelo Cônego José Francolino e concluída pelo cel. Benedito Almeida, pai do Padre Almeida, que foi vigario da freguesia durante muito tempo. Várias pessoas contribuíram para a construção desse templo, inclusive o cel. Eudório Tude, doador do terreno, e o dr. Antônio Coimbra Espinheira, que, quando prefeito do município, trouxe da Europa os técnicos responsáveis pelo estuque do teto da referida igreja.
A cidade de Amargosa foi, durante muito tempo, a capital econômica da região, e se destacava pelas intensas lavouras de café e fumo, cuja produção, de início, era transportada no lombo de burro até Nazaré, donde era exportada, através do porto fluvial, para a Europa. Nessa época, existiam várias empresas exportadoras, dentre as quais se destacava a do cel. Pedro Calmon. Também, dos vários imigrantes que chegaram a Amargosa, naquela fase, muitos se dedicaram ao comércio exportador, a exemplo dos Scaldaferri, Overbeck, Ferrari e Maimone, além dos membros da família Lomanto, que se radicaram na progressista cidade, considerada, na época, a “Pequena São Paulo”.
O município de Amargosa chegou a produzir 500 mil arrobas de café e 800 mil de fumo. O comércio varejista, inclusive, tecidos, chapéus, sapatos e outras artigos oriundos da França, Inglaterra e Alemanha.
Os progressista habitantes de Amargosa chegaram a implantar na cidade uma fábrica de charutos, industrias de beneficiamento de café e fumo, serrarias, hotéis, tipografias, jornais e revistas. Também muito intensa foi a vida social, considerada, à época, como uma das melhores do estado, destacando-se entre seus atrativos o carnaval, com carros alegórico e blocos.
Conforme depoimento do conselheiro aposentado do TCE, Jorge Calmon, filho do cel. Pedro Calmon, logo depois de ser proclamada a República, ocorreu no interior da Bahia – e talvez em outras antigas províncias – séria crise nas transações comerciais porque o povo não queria aceitar o dinheiro do novo governo, no receio de que viesse a ter pouca duração. Contribuía para isso a instabilidade do governo Deodoro da Fonseca. O problema foi sentindo também no sudoeste baiano, em que Amargosa era um dos centros mais florescentes.
Diante da situação que prejudicava o movimento da sua casa comercial – Paris na América, o coronel Pedro Calmon dispôs-se a promover a impressão de papel-moeda, em diversos valores( 200 réis, em dois tamanhos, um mil réis e dois mil réis), chegando a ter em circulação 600 contos, importância muito elevada na época. O povo só aceitava o “dinheiro do coronel Piroca”, apelido do comerciante estabelecido, desde 1877, em Amargosa. Mais tarde, com a restauração da tranquilidade política, o dinheiro oficial passou a circular regularmente, enquanto o coronel Pedro Calmon resgatava o seu papel-moeda, o que fez sen deixar qualquer débito.
Dentre as administrações municipais mais antigas destacou-se a do dr. Lourival Montes, responsável pela construção do belo jardim, em frente a catedral, até hoje muito admirado por todos os visitantes, e que dá a Amargosa o título de “Cidade Jardim”.
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MEDRADO, José/Memória: 80 anos de existência. ( 2001)/Foto: Arquivo Recôncavo no Ar