Criminosos criam falsas centrais telefônicas de bancos e operadoras de cartão para aplicar golpes
Em 2023, o Banco Central recebeu mais de 16 mil reclamações relacionadas à segurança bancária e transações financeiras não reconhecidas.
Os estelionatários que tentam fazer vítimas com golpes financeiros estão usando um método novo. Eles criaram falsas centrais telefônicas de bancos e operadoras de cartão de crédito.
O esquema começa com uma ligação de um número desconhecido. Quem atende logo ouve uma gravação muito parecida com as das centrais de atendimento dos bancos.“Atendimento pessoa física, digite 1; atendimento pessoa jurídica, digite 2”.
Assim que a vítima escolhe uma dessas opções, um falso atendente entra na linha para começar a negociação e pede uma transferência – algo que as instituições financeiras regulares jamais solicitam. “O senhor entra no aplicativo, clica na palavra PIX. O senhor está vendo?”
O golpista orientava a vítima a transferir para conta da quadrilha o valor que estariam tirando da conta dela. “O senhor coloca o valor que eles tentaram retirar da conta do senhor que foi R$ 9.999, tá?”
O editor de livros Vanderlei Abreu não caiu nessa conversa por um detalhe muito importante.
“Eu percebi basicamente por não ter conta nesse banco. Falei ‘como é que eu vou ter uma movimentação atípica em um banco que eu não tenho conta?’. Se fosse, por exemplo, do banco que eu tenho conta, provavelmente eu teria seguido as orientações”, diz ele.
A tatuadora Alessandra Siqueira Gonçalves tinha conta no banco e perdeu R$ 48 mil durante uma ligação com uma pessoa que se passou por funcionária de um banco e comunicou uma suposta clonagem de cartão de crédito.
“A pessoa tinha uma dicção perfeita, entendia tudo sobre a minha conta, e eu não falei absolutamente nada. Ela sabia o meu nome completo, meu CPF e o mais absurdo: o meu endereço e o nome da minha mãe. Eu só confirmei, eu não dei nenhum dado nesse momento”, conta ela.
Durante todo o ano passado, o Banco Central recebeu mais de 16 mil reclamações relacionadas à segurança bancária e transações financeiras não reconhecidas. O número tão expressivo representou uma em cada quatro queixas em 2023.
A Federação Brasileira de Bancos afirma que o combate a fraudes e golpes é uma preocupação permanente dos bancos, que investem cerca de R$ 35 bilhões por ano em tecnologia e que o sistema bancário possui diversas camadas de segurança, como georreferenciamento, inteligência artificial e filtros comportamentais, que dão indicação de potenciais transações fora do padrão.
O chefe da delegacia de crimes cibernéticos da Polícia Federal em São Paulo diz que quadrilhas que antes praticavam assaltos violentos migraram para os crimes virtuais e que desconfiar de chamadas desconhecidas ainda é a melhor maneira de se proteger.
“Em regra, os bancos não fazem contatos com seus clientes por meio de contato telefônico ou por meio de centrais 0800. Acho que o primeiro passo é procurar o banco, fazer contato com o banco, informando que recebeu contato por meio de um 0800, por meio de uma ligação, por meio de um e-mail para que o banco tome as suas providencias também administrativas”, diz o delegado Alberto Ferreira Neto, chefe da delegacia de crimes cibernéticos da PF-SP.
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