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O que dizem os cientistas sobre as novas vacinas e o futuro da Covid-19?

Mais de dois anos depois do primeiro caso confirmado, a redução expressiva de manifestações graves e internações foi possível graças à concepção de novas vacinas.

Desde quando o surto de Covid-19 teve início, os esforços dos cientistas para encontrar uma maneira de solucioná-lo foram incessantes. Mais de dois anos depois do primeiro caso confirmado, a redução expressiva de manifestações graves e internações foi possível graças à concepção de novas vacinas. A conquista é importante, mas ainda não suficiente para acabar por completo com a pandemia. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprova 10 vacinas atualmente, que compõem um grupo seleto de fórmulas aprovadas para uso emergencial contra a Covid-19, junto a 20 imunizantes autorizados em diversos países localmente. Contudo, existem 170 vacinas em fase de desenvolvimento clínico em 69 nações e 194 em desenvolvimento pré-clínico, de acordo com a OMS. 

Novas variantes do vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19, continuam a surgir. Hoje os laboratórios compreendem de maneira mais clara o comportamento do vírus e de suas mutações, como as variantes delta e ômicron — esta última com características muito distantes da composição original, manifestada em Wuhan. Em número de contaminações, a ômicron bateu recordes, superando o pico de 2021. 

Nesse cenário de instabilidade e incertezas, os cientistas buscam uma fórmula definitiva para eliminar, de uma vez por todas, o vírus ou normalizar a convivência com ele, assim como aconteceu com a gripe. 

Vacinas de um futuro próximo

Conforme a OMS e especialistas afirmam, dois avanços recebem destaque nos laboratórios em que os próximos imunizantes contra a Covid-19 estão sendo preparados. O primeiro deles é a vacina intranasal e o segundo seria uma espécie de “supervacina” para atacar todas as formas de coronavírus. 

A comunidade científica está em busca da imunidade esterilizante, ou seja, capaz de impedir que as pessoas sejam infectadas, e não somente protegê-las de versões graves ou mortes por Covid-19. Administrar a vacina pelo nariz é uma das maneiras possíveis de alcançar essa meta. 

Em entrevista à imprensa, o pesquisador da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Amilcar Perez Riverol, explicou que as vacinas intranasais formam uma barreira difícil de ser superada pelo vírus porque atuam localmente no nariz, pulmões e estômago, enquanto as intramusculares provocam uma resposta mais generalizada do sistema imunológico. 

As vacinas intranasais, dessa forma, fortalecem a barreira IgA e as células B e T de memória da mucosa do sistema respiratório, o que representa duas camadas adicionais de proteção. 

Atualmente, existem oito projetos de vacinas intranasais reconhecidos pela OMS, sendo a da multinacional indiana de biotecnologia Bharat Biotech a mais avançada. O imunizante está na fase 2/3 de testes em humanos, enquanto os outros sete estão em fases iniciais.

Especialistas alertam, contudo, sobre a complexidade e a dificuldade em desenvolver esse tipo de medicamento. Hoje, por exemplo, somente duas vacinas intranasais são comercializadas no mundo, ambas para gripe: a FluMist/Fluenz e a Nasovac-S. 

Ciência aposta em fórmula definitiva

Para lidar com a rapidez com que novas variantes surgem, limitando o efeito das vacinas e pegando a população desprevenida, os cientistas apostam numa fórmula que seria definitiva para atacar todas as variantes do coronavírus. 

Perez Riverol afirma que o processo de feitura desses imunizantes é complexo. Ele esclarece que anexar as proteínas S do vírus — fundamentais para que ele se ligue à célula humana — a nanopartículas é uma das possibilidades que estão sendo investigadas. 

Para induzir a resposta imune, parte dessas vacinas implanta modificações inofensivas dessas proteínas na superfície das células. Dessa forma, ao combinar nanopartículas com proteínas S de diversas variantes, é possível preparar o sistema imunológico para responder a uma grande diversidade de variantes do coronavírus, tanto atuais quanto futuras. 

Os cientistas que atuam nesses projetos não anunciaram datas estimadas. A OMS espera avanço nos campos mencionados e observa que opções devem ser procuradas para além das vacinas já disponíveis. Sendo assim, pontua que a existência de mais imunizantes no mercado não deve parar o progresso em desenvolvimento e pesquisas. 

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