Cirurgia inédita salva criança que teve ruptura de aneurisma em Itabuna
O menino foi submetido a uma embolização de aneurisma cerebral, um tratamento endovascular de aneurisma intracraniano inédito no sul da Bahia.
O mês de abril tem sido de muita festa para a família de Wanderlypio Novais Cardoso, 10 anos, que teve uma crise de dor cabeça e ficou desacordado por 12 dias até ser internado, na última quinta-feira (1º), na Santa Casa de Misericórdia de Itabuna (SCMI). O menino foi submetido a uma embolização de aneurisma cerebral, um tratamento endovascular de aneurisma intracraniano inédito no sul da Bahia. Foi realizado o procedimento sem necessidade de perfurar o crânio do paciente.
Morador do povoado Riacho Fundo, na zona rural de Barra da Estiva, na região da Chapada Diamantina, o menino só foi diagnosticado pela equipe médica da SCMI. “Ficamos desesperados quando ele passou mal, começou vomitar, reclamar das dores de cabeça e desmaiar. Levamos para um hospital na nossa cidade e o médico disse que o meu sobrinho sofria com diabetes. Por isso, estava naquela situação. Mas os profissionais daqui detectaram qual era realmente o problema”, conta Silene Jardim Novais, tia de Wanderlypio Novais.
De acordo com o chefe do serviço de Neurocirurgia da Santa Casa de Misericórdia de Itabuna, Sílvio Porto, o menino foi diagnosticado com hemorragia subaracnóidea espontânea por ruptura de aneurisma cerebral. E foi um sucesso o procedimento realizado pelos médicos Fernando Schmidt, Antônio Roberto de Campos Júnior e Rafael Cano Ribeiro no setor de hemodinâmica.
Paciente do Sistema Único de Saúde (SUS), o menino deixa o hospital com todas as funções neurológicas funcionando perfeitamente. “A complicação de saúde foi descoberta logo que o paciente chegou ao hospital e os nossos profissionais fizeram um procedimento perfeito. Por isso, acredito que essa criança terá uma vida normal”, afirma a diretora técnica do Hospital Manoel Novaes, Fabiane Chávez.
Estrutura
De acordo com o neurocirurgião pediátrico Fernando Schmidt, o método usado com Wanderlypio Novais é um tratamento frequente, mas ainda de pouco acesso no Sistema Único de Saúde (SUS), pois é um procedimento de alto custo e requer material especializado. “A cirurgia durou uma hora e a recuperação do paciente foi ótima”, conta.
Muito comunicativo, educado e carinhoso, Wanderlypio Novais, apesar da pouca idade, tem consciência do perigo que correu antes de receber o atendimento médico, pois gostava de subir em árvore para retirar frutas. “Eu poderia ter desmaiado em uma das vezes em que estava em cima de um pé de jaca, por exemplo. Acho que eu não estaria vivo hoje”.
Perguntado sobre o que faria quando retornasse para casa, o menino disse que primeiro iria abraçar forte a mãe, dona Arlete Jardim Novais. Depois brincar com outras crianças e plantar maracugina para vender na feira livre. Apesar de gostar de futebol, não sonha em ser jogador, mas, sim, caminhoneiro ou trabalhar como mototaxista.
Com facilidade de fazer novas amizades, a criança diz que só quer retornar ao hospital para reencontrar os novos amigos, que são os médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, psicóloga e pessoal da higienização. “Você vai colocar os nomes deles na reportagem? Porque quero agradecer a todos que cuidaram de mim”, disse Wanderlypio Novais Cardoso, que completa 11 anos no próximo dia 13.
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