Chico Alencar cobra que esquerda reconheça erros e diz que Bolsonaro só pensa no autoritarismo
Ex-deputado afirma que desgaste da extrema-direita vai forçar que o campo progressista tenha novas atitudes se quiser voltar a comandar o país.
O historiador e ex-deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) comentou a ascensão de Jair Bolsonaro (Sem partido) até a presidência da República e do que chamou de “derrota histórica” o fim do governo petista. Em entrevista a Mário Kertész hoje (21), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ex-parlamentar comentou que foi colega do atual presidente quando ele foi vereador no Rio de Janeiro e, posteriormente, quando os dois representaram o estado fluminense na Câmara dos Deputados.
“Ele é bitemático, só pensa em regime autoritário. É um ditador e tem um espírito militarista, mandonista e extremamente autoritário. É preocupadíssimo com o afeto alheio, talvez porque o dele seja muito mal resolvido, mas entra um âmbito subjetivo e psicológico que não dá para avançar muito. Um indivíduo como esse, despreparado, que não tem interesse pelo Brasil, se perguntar quem foi Gilberto Freire, Capistrano de Abreu ou Darcy Ribeiro, se quiser atualizar um pouco mais, não sabe e não tem apreço pela operação intelectual da leitura e por conhecer o Brasil”, declarou Alencar.
Ainda segundo o ex-deputado, Bolsonaro pode facilmente ser escolhido como pior presidente da história do país. “Ele se elegeu por erros nossos. Ele conseguiu vender essa imagem de ser contra o sistema, coisa que ele não é. Logo que foi reformado por mau comportamento como capitão do Exército, Geisel até disse aqui num depoimento que ele foi péssimo soldado, começou a disputar mandatos. Foi eleito vereador, interrompeu no meio, foi para federal e de lá não saiu mais”, afirmou o ex-parlamentar.
“Convivi com Bolsonaro por meio mandato de vereador, depois entrou a mulher dele, mãe desses três rapazes tresloucados, e depois quatro mandatos como deputado federal. Ele continua o mesmo. Uma extrema-direita radical, isolado e, algumas vezes para marcar posição e disputei a presidência da Câmara, sempre tive mais votos que Bolsonaro, disputou a mesma vezes que eu. Não tinha respaldo nem da política tradicional. Ele era um ponto fora da curva e uma figura exótica”, acrescentou.
Questionado por MK sobre os caminhos da esquerda em um futuro político de disputa contra o bolsonarismo, Chico Alencar afirmou ser necessária a tão falada autocrítica do PT e dos movimentos de esquerda. “Sofremos uma derrota histórica que vai levar muito tempo para nos recuperar. É preciso reconhecer o erro em primeiro lugar”, disse.
Na avaliação do historiador, o desgaste evidenciado com a queda da popularidade de Bolsonaro vai permitir que o campo progressista discuta novas alternativas ao país. “De qualquer maneira, é para avançar e não ficar se chicoteando e entender como dialogar com o sentido último de nossa ação política, que é a cidadania e dignidade dos marginalizados secularmente da história brasileira. Daria um livro ou uma conversa de sete horas para ver as razões dos nossos erros, mas o cenário que se abre hoje, com evidente e crescente desgaste da extrema-direita no poder há de ser positivo. É preciso também ter uma nova postura e exige novas atitudes”, afirmou Chico Alencar.
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Metro 1/ Foto : Alexandre A. Bastos/Mandato Fábio Felix