Candidatos falaram para convertidos e evitaram confrontar problemas reais da Bahia em debate

Ausente nas oportunidades anteriores, ACM Neto (União) foi o principal alvo dos adversários.

O único debate a reunir os principais candidatos ao governo da Bahia atendeu ao roteiro esperado por espectadores mais atentos à política. Ausente nas oportunidades anteriores, ACM Neto (União) foi o principal alvo dos adversários – independente de ainda liderar ou não as pesquisas de intenção de voto. Jerônimo Rodrigues (PT) escolheu mal as estratégias e não ganhou o destaque de quem está em ascensão – no máximo chamou a atenção pelo tom de deboche. Já João Roma (PL) foi monorcódico na defesa de Jair Bolsonaro (PL), enquanto Kléber Rosa (PSOL) foi um coadjuvante de luxo para qualificar a discussão na TV Bahia.

Ao escolher educação para atacar o principal adversário, Jerônimo abriu um flanco desnecessário para que ACM Neto repetisse, em inúmeros momentos, o discurso de “pior secretário”. Para quem criou muita expectativa quanto ao desempenho do ex-prefeito, a repetição exagerada do tema educação para alfinetar o petista cansou. Era como se outros problemas não merecessem ser alvo de críticas. ACM Neto perdeu chances de tocar feridas não cicatrizadas pelos governos de Jaques Wagner e Rui Costa.

As trocas de ofensas pessoais entre o candidato do União Brasil e João Roma foram um show de horrores à parte. A relação de compadrio entre eles, omitida até aqui, desestabilizou o ex-amigo. O também ex-ministro reclamou de oportunismo de ACM Neto e fez dobradinha com Jerônimo. Algo improvável, mas que ficou muito presente ao longo da campanha, especialmente quando o ex-prefeito tinha larga vantagem nas pesquisas. Roma repetiu o que batizou de “afroconveniência” e evidenciou que a briga entre criador e criatura é real – ainda que adversários tenham sugerido ser um simulacro de realidade.

Os embates entre Jerônimo e Roma foram tentativas de nacionalizar a eleição. Ambos precisam das “muletas” de Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro para crescerem os votos e entoaram os mantras dos números dos respectivos partidos. Até Jerônimo, que nem precisava reforçar tanto o número do PT, acabou enredado pela estratégia de Roma, sem rebater eventuais inverdades do governo Bolsonaro. Foi difícil não pensar como um déjà vu a grande quantidade de vezes em que os dois repetiram a relação de adversários nacionais como algo mais relevante que a disputa local.

Sem estrutura partidária e expressão nas intenções de voto, Kleber foi quem roubou a cena. Desferiu golpes contra todos os adversários sem se comprometer – talvez a condição de candidato do PSOL é o que permita esse posicionamento. Foi assertivo especialmente contra ACM Neto e Roma, ainda que tenha criticado Jerônimo sem o mesmo nível de empolgação. O professor e policial civil se fez mais presente do que a história prévia dos adversários, o que talvez justifique Rosa ter obtido tanto destaque. O ponto alto dele foi a crítica à autodeclaração de ACM Neto como pardo, cuja resposta do ex-prefeito ficou aquém de ser boa.

O debate esteve longe de ter sido decisivo para uma mudança de votos. Os candidatos falaram para convertidos e não avançaram em discussões mais profundas sobre os problemas dos cidadãos baianos. É uma pena. Vai ficar para o segundo turno ou para a eleição de 2026.

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Bahia Notícias/Foto: Eric Luis Carvalho/g1

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