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Bolsonaro questiona urnas eletrônicas e põe democracia em risco

Em uma live (transmissão ao vivo nas redes sociais), o presidente afirmou que o Exército encontrou “dezenas de vulnerabilidades” nas urnas, mas não especificou nenhuma.

A cinco meses da eleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a pôr em xeque as urnas eletrônicas brasileiras. Mesmo sem qualquer tipo de provas de que os equipamentos para apurar os votos podem ser fraudados, Bolsonaro tem atuado para descredibilizar o processo eleitoral, e usado as Forças Armadas para reforçar o seu discurso contra instituições incumbidas do pleito, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em uma live (transmissão ao vivo nas redes sociais), o presidente afirmou que o Exército encontrou “dezenas de vulnerabilidades” nas urnas, mas não especificou nenhuma. Nesta semana, Bolsonaro repetiu a estratégia de descredibilizar a eleição do país, e usou o senador da Bahia, Jaques Wagner (PT), para atacar o TSE.

“Eu vejo hoje aqui na mídia que o nosso querido Jaques Wagner já está em contato com embaixadores sobre a posse do Lula. Quem tá dando essa certeza a ele? Eu acho que não é o nosso inexpugnável TSE que está dando essa certeza para ele. Quem eles querem enganar?”, questionou. O senador disse que não iria responder a “fake news” de Bolsonaro.

A informação do presidente, para desestabilizar o processo eleitoral, é falsa. Na verdade, o colunista Lauro Jardim informou que Wagner se reuniu com embaixadores dos Estados Unidos e da França.

No encontro, o petista pediu que haja uma defesa contundente de representantes de grandes democracia sobre a eleição no Brasil para evitar que as ameaças de Bolsonaro se concretizem. Presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), o desembargador Roberto Maynard Frank, além de defender a segurança das urnas eletrônicas, diz que questionar este equipamento é um “pensamento retrógrado”.

“A urna eletrônica é um produto festejado mundialmente. Com as urnas, conseguimos realizar, em um país como o Brasil, de dimensão continental, uma eleição com pleno êxito, eficiência, em tempo olímpico. A urna eletrônica é auditável. Recentemente, inclusive, tivemos a ciência, com as urnas sendo testadas, retestadas e sempre com os parâmetros de certificações, de confiança que esse produto goza da sociedade brasileira. Nós podemos, com as urnas, realizar eleições seguras, limpas e auditáveis. No entanto, me parece que esse deveria ser um assunto ultrapassado, porque a instituição que representa toda a população, que é o Congresso Nacional, já analisou e deliberou pela rejeição do projeto de impressão de voto. Vamos realizar a eleição com pleno êxito”, ressaltou o desembargador, em entrevista ao Jornal da Metropole.

Para ele, apesar das ameaças constantes do presidente Bolsonaro, não há risco de haver um rompimento democrático no Brasil. “Não acredito (em golpe). Acho que as instituições no Brasil estão consolidadas. A democracia é consolidada. As instituições são consolidadas, de forma que eu penso que não se há mais espaço para isso”, ressaltou.

Tentativa de ruptura

O cientista político e professor da Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira), Cláudio André, avaliou que há sim uma intenção do presidente de tentar uma ruptura institucional. 

“Uma parte da classe política entende que Bolsonaro exagera na retórica, mas, ao contrário de meras palavras polêmicas, ele vem dando provas que busca de fato uma estratégia contenciosa de ruptura institucional, que pode envolver tanto a realização da campanha, quanto como se comportará diante do resultado das eleições, caso seja desfavorável a ele. A opção golpista da sua parte requer que as outras forças políticas sejam capazes de abrir um amplo diálogo pela democracia e as regras do jogo”, disse.

Para ele, os ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas e ao TSE fazem parte de uma estratégia de mobilização da base política. “O ataque de Bolsonaro às instituições é uma estratégia de constrangimento institucional para pô-las na defensiva política, assim como na opinião pública. No caso das urnas, há uma tentativa do presidente de criar a narrativa de que ele é ‘invencível’ e que, ao mesmo tempo, é uma vítima de um ‘sistema’ adversário dele. Essa posição busca gerar mobilização política da sua base mais fiel, a mesma tática de 2018, quando encaminhou uma polarização odiosa contra o PT e a esquerda, sobretudo, buscando capitalizar o episódio da facada sofrida naquele ano”, analisou.

As urnas eletrônicas passaram a ser adotadas na eleição de 1996. Quase 30 anos depois, nunca houve nenhum indício de fraudes. Antes da adoção deste equipamento, o país contabilizava votos impressos. 

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Correio24horas

jornal da Metrópole

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