Mas, sobretudo, um golpe do setor financeiro, do capitalismo financeirizado. Um golpe neoliberal”, afirma.
Após cinco anos do controverso processo de impeachment que a retirou do poder, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) avaliou que a atual crise no país, encabeçada pelo governo de Jair Bolsonaro, é um desdobramento do processode afastamento ocorrido em 2016. Naquele ano, a petista foi alijada do poder sob acusação de pedaladas fiscais —e com grande mobilização nas ruas em meio à impopularidade de Dilma e à crise econômica.
Em entrevista ao portal da Fundação Perseu Abramo, Dilma afirmou que “o golpe de 2016 é o ato zero do golpe, é o ato inaugural, mas o processo continua”. “É o pecado original dessa crise que o país atravessa. É a partir dali que se desenrola todo o processo golpista”, diz.
“O que estamos vivendo são as etapas do possível endurecimento do regime político no Brasil. O governo flertando com a possibilidade de um golpe dentro do golpe”, afirma a petista.
Questionada sobre o tom de ameaça recorrente nas falas de Bolsonaro, Dilma afirmou que o país vive a possibilidade de um segundo golpe, já que ela considera o processo de deposição ao qual foi submetida como ilegítimo.
“É preciso entender o jogo. O golpe ocorreu em 31 de agosto de 2016. O que estamos vivendo agora é a possibilidade de um novo golpe baseado nas formas derivadas da guerra híbrida. Lá atrás, houve um golpe parlamentar, Judiciário e midiático. Mas, sobretudo, um golpe do setor financeiro, do capitalismo financeirizado. Um golpe neoliberal”, afirma.
Na entrevista ao portal da Fundação Perseu Abramo, Dilma afirmou que “ali aconteceu uma ruptura violenta contra o status quo da democracia” e que o impeachment permitiu “dois crimes imediatos” contra o país: o teto dos gastos e a destruição da Amazônia.
A ex-presidente disse que o processo de militarização da política é anterior à eleição de Bolsonaro. “Lembra que no governo Temer, deram uma importância grande aos militares, voltando a ter o GSI — entregue ao general Sérgio Etchegoyen —, levando um militar para dirigir o Ministério da Defesa? Isso nunca tinha acontecido. Entregar o Ministério da Defesa a um militar”.
Ela cita ainda a intervenção federal no Rio de Janeiro, também ocorrida durante o governo Temer. “É uma marca inequívoca da volta dos militares à política.”
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A Tarde