Presidente afirmou que suas declarações sobre encontro com adolescentes foram tiradas de contexto e não explicou o que quis dizer com a expressão “pintou um clima”.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, abriu uma live em suas redes sociais na madrugada deste domingo (16) para se defender das críticas que recebeu por uma fala sobre meninas venezuelanas em uma entrevista que concedeu na sexta (14).
Ele acusou o PT de explorar suas declarações sobre o encontro com as adolescentes de maneira deturpada. Bolsonaro não explicou o que quis dizer quando usou a expressão “pintou um clima” nem disse se informou alguma autoridade sobre a situação que presenciou na casa em que estavam as garotas.
Na sexta, em conversa com influenciadores em um podcast, o presidente falava sobre a vinda de venezuelanos ao Brasil quando narrou um encontro com meninas de idades entre 14 e 15 anos durante um passeio de moto nos arredores de Brasília. Ao relatar o episódio, o presidente disse que “pintou um clima” ao interagir com as garotas e insinuou que elas estariam se prostituindo. Essa declaração gerou uma ampla repercussão e foi criticada por opositores nas redes sociais.
“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto […] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas… Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’ Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida”, afirmou Bolsonaro na entrevista.
Neste domingo, pouco depois de meia-noite, Bolsonaro se defendeu em uma transmissão ao vivo em suas redes sociais e acusou a oposição de deturpar sua fala. O presidente disse que o encontro com as meninas ocorreu em 2020, primeiro ano da pandemia, e foi mostrado em suas redes sociais e por uma emissora de TV. Segundo ele, o objetivo era mostrar indignação com a situação das adolescentes que haviam fugido da Venezuela.
“Em 2020, fiz uma live de dentro de uma casa de umas meninas venezuelanas. Devia ter umas 12, 13, 14 meninas. Eu mostrei a minha indignação, estava na região periférica de Brasília, com a minha moto, quando eu parei e vi umas meninas de 14, 15 anos, arrumadas, meninas humildes, e eu pedi para entrar na casa delas”, disse Bolsonaro.
“O PT recorta pedaços [da entrevista ao podcast] como se eu estivesse atrás de programas. Fiz uma live, foi demonstrado o que estava acontecendo. [O PT] Pega pedaço e fala ‘pintou um clima’? Que vergonha é essa? Sempre combati a pedofilia”, afirmou o presidente. “Se fosse algo escondido, tudo bem, mas não foi nada escondido. Abri uma live por indignação sobre o que estava acontecendo.”
Críticas e pedido à PGR
Neste sábado (15), as declarações de Bolsonaro ao podcast repercutiram nas redes sociais e foram criticadas por políticos da oposição.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, disse sentir “nojo” e “revolta”. “O que Bolsonaro disse nessa entrevista, com tanta naturalidade, me deixou ainda mais chocado com o que ele é e o que representa! Ele disse que ‘PINTOU UM CLIMA’ entre ele e meninas de 14/15 anos. E ainda pediu para entrar na casa delas!”, afirmou o senador.
O deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP) disse que o presidente é “asqueroso e pervertido” e questionou: “Esse é o candidato que diz defender a moral e a família?”.
A cantora Daniela Mercury classificou a situação como “absurda” e questionou sobre o que o presidente quis dizer com a expressão “pintou um clima”. “É preciso investigar imediatamente tudo que aconteceu dentro daquela casa. Ele é presidente da república e tinha a obrigação de defender as adolescentes contra qualquer tipo de exploração, ou crime”, afirmou Mercury.
O deputado distrital Leandro Grass (PV) enviou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, um pedido para investigar a conduta do presidente.
No ofício, Grass questiona por que o presidente não acionou as autoridades competentes “para que providências fossem tomadas” e afirma que se trata de “caso gravíssimo”. O parlamentar pede que seja apurado “o que de fato ocorreu, com a urgência que o caso requer”.
“Se havia algum problema por ele [Bolsonaro] verificado, deveria procurar as instâncias de controle, justamente para que providências fossem tomadas. Há, na região, Conselho Tutelar ativo e que exerce seu mister com bastante competência. Há, no Distrito Federal, Ministério Público extremamente capaz e que tem agido de forma impecável nas questões relacionadas a direitos humanos. E há, em seu governo, Ministérios da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, bem como o Ministério da Justiça, que lida com questões relacionadas a nacionais de outros países que, ao que tudo indica, sequer foram acionados pelo Presidente. Estamos diante de um caso gravíssimo”, afirma o documento.
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