Inquérito foi aberto pelo STF após Moro ter dito que presidente interferiu. Na semana passada, se tornou público o conteúdo da reunião ministerial que, segundo Moro, mostra interferência.
O presidente Jair Bolsonaro divulgou uma nota nesta segunda-feira (25) para dizer que não interferiu na Polícia Federal e que acredita no arquivamento do inquérito autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar o caso.
O inquérito foi aberto em abril, após Sergio Moro anunciar a demissão do Ministério da Justiça alegando que Bolsonaro interferiu na corporação ao demitir o então diretor-geral, Maurício Valeixo, e cobrar a troca na chefia da PF no Rio de Janeiro.
Na semana passada, se tornou público o vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. Conforme Moro, a gravação mostra a tentativa de interferência do presidente.
“Nunca interferi nos trabalhos da Polícia Federal. São levianas todas as afirmações em sentido contrário. Os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos confirmam que nunca solicitei informações a qualquer um deles. Espero responsabilidade e serenidade no trato do assunto”, afirmou o presidente em um trecho da nota.
“Por questão de Justiça, acredito no arquivamento natural do Inquérito que motivou a divulgação do vídeo. Reafirmo meu compromisso e respeito com a Democracia e membros dos Poderes Legislativo e Judiciário”, acrescentou Bolsonaro.
Em outro trecho, o presidente disse que o momento é de “todos se unirem”. “Para tanto, devemos atuar para termos uma verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo.”
Procurador-geral da República vai analisar vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril
Vídeo da reunião ministerial
Caberá ao procurador-geral da República, Augusto Aras, decidir se denuncia Bolsonaro ou se arquiva o inquérito.
Mais cedo, nesta segunda, Aras e Bolsonaro se encontraram na sede da Procuradoria Geral da República, em Brasília.
No vídeo da reunião ministerial, Bolsonaro afirmou: “Não posso ser surpreendido com notícias. Pô, eu tenho a PF que não me dá informações”. O presidente também disse gostaria de trocar a “segurança” no Rio de Janeiro.
Segundo Moro, Bolsonaro se referiu à chefia da PF no Rio de Janeiro quando mencionou “segurança”. O presidente, por sua vez, diz que se referiu à segurança pessoal dele no estado.
Mas a segurança do presidente e dos familiares dele é feita pelo Gabinete de Segurança Institucional, chefiado pelo ministro Augusto Heleno, não pela Polícia Federal. Conforme mostrou o Jornal Nacional, em vez de demitir o segurança no Rio de Janeiro, Bolsonaro promoveu o segurança.
Íntegra
Leia a íntegra da nota do presidente Bolsonaro:
NOTA
Diante da recente divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril do corrente ano, pontuo o seguinte:
1.Mantenho-me fiel à proteção e à defesa irrestritas do povo brasileiro, especialmente os mais humildes e aos que mais precisam. Sinto-me bem ao seu lado e jamais abrirei mão disso.
2.Nunca interferi nos trabalhos da Polícia Federal. São levianas todas as afirmações em sentido contrário. Os depoimentos de inúmeros delegados federais ouvidos confirmam que nunca solicitei informações a qualquer um deles.
3.Espero responsabilidade e serenidade no trato do assunto.
4.Por questão de Justiça, acredito no arquivamento natural do Inquérito que motivou a divulgação do vídeo.
5.Reafirmo meu compromisso e respeito com a Democracia e membros dos Poderes Legislativo e Judiciário.
6.É momento de todos se unirem. Para tanto, devemos atuar para termos uma verdadeira independência e harmonia entre as instituições da República, com respeito mútuo.
7.Por fim, ao povo brasileiro, reitero minha lealdade e compromisso com os valores e ideais democráticos que me conduziram à Presidência da República. Sempre estarei ao seu lado e jamais desistirei de lutar pela liberdade e pela democracia.
Brasília, 25 de maio de 2020.
Jair Messias Bolsonaro
Presidente da República
G1/ Foto: AE/Gabrierlla Biló