Análise: Debate da Band apresenta pouca proposta e (ainda) muita polarização
Se o eleitor esperava ouvir propostas, recebeu a velha polarização entre o ex-presidente e o atual ocupante do cargo.
Jair Bolsonaro afirmou, antes do debate, que não iria cumprimentar o candidato Luiz Inácio Lula da Silva. Ele citou que não apertaria mão de ladrão. O debate começou e do lado de fora do estúdio o deputado federal André Janones, do Avante e um dos cabos eleitorais de Lula mais atuantes nas redes sociais, batia boca com o ex-ministro bolsonarista Ricardo Sales. Do lado de dentro, o primeiro confronto entre candidatos no debate da noite de domingo foi entre Lula e Bolsonaro. Se o eleitor esperava ouvir propostas, recebeu a velha polarização entre o ex-presidente e o atual ocupante do cargo.
Não era diferente no Twitter.
Ao pesquisar a hashtag ‘DebateNaBand’, que no fim do primeiro bloco ocupava o primeiro lugar nas tendências do Brasil na rede, era possível notar o senador Flavio Bolsonaro também acusando Lula de ladrão. Outro senador, Randolfe Rodrigues, no mesmo Twitter, escrevia que Bolsonaro é uma “piada mesmo”. Como legenda de uma foto em que Lula sorria ao lado do presidente sério, o senador ainda escreveu: “A serenidade no olhar de quem sabe que o adversário não consegue dizer uma frase sem mentir”.
Mas não foi diferente no segundo bloco.
O jornalista Rodolfo Schneider, diretor de conteúdo do Grupo Bandeirantes, abriu o segundo bloco perguntando sobre de onde sairiam os recursos financeiros para manter os auxílios de R$ 600. A pergunta foi feita para Bolsonaro. E ele pediu que Lula comentasse. O atual presidente resumiu a resposta: basta não roubar. O ex-presidente resumiu, também do seu lado: Bolsonaro mentia ao dizer que manteria o auxílio porque o valor não estava provisionado na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Foi quando Bolsonaro subiu o tom.
Atacou a jornalista Vera Magalhães, apresentadora da TV Cultura e colunista do jornal O Globo, que também estava escalada para fazer uma pergunta no debate. Ele também criticou a postura da senadora Simone Tebet durante a CPI das vacinas. A candidata pediu direito de resposta, não concedido. Foi quando a candidata Soraya Thronicke disse estar brava e citou que fica assim quando homens são tchuchucas com outros homens, mas vem para cima das mulheres como tigrão.
No terceiro bloco, Tebet, então com a palavra, disse não ter medo de Bolsonaro. Ela aproveitou o último bloco do debate para perguntar a Bolsonaro qual seria o problema do presidente com as mulheres. Na reta final, Ciro Gomes, como havia feito antes, fez uma tabelinha com o candidato do Novo, Luiz Felipe d’Avila, e apresentou algumas propostas.
Era perto das onze da noite. E o eleitor provavelmente já tinha ido dormir, preocupado com a semana que está para começar. E foi então que o debate acabou. Com pouca proposta e (ainda) muita polarização.
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Estadão / Daniel Fernandes/Foto: Renato Pizzutto/Band