O advogado Victor Granado Alves recebeu salário como assessor do PSL ao mesmo tempo em que atuava como advogado particular do presidente Jair Bolsonaro e de sua família.
O pagamento foi feito com dinheiro do fundo partidário. Os valores chegam a R$ 500 mil.
Na edição de quinta-feira (18), o Jornal Nacional mostrou que o advogado é investigado pelo Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro nos inquéritos sobre a suposta rachadinha nos gabinetes dos ex-deputados Iranildo Campos e de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Victor Alves e Flávio Bolsonaro são amigos de infância. Em 2019, o advogado passou a trabalhar na liderança do PSL na Alerj.
No dia 24 de abril de 2019, Victor Alves teve o sigilo bancário quebrado por decisão do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio.
A pedido do senador Flávio Bolsonaro, o PSL nacional contratou, em fevereiro de 2019, o escritório de advocacia de Victor e do sócio, Daniel Stoliar.
O contrato teve duração de 13 meses e foi pago com dinheiro do fundo partidário. As informações foram confirmadas pela TV Globo. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, o PSL informou que houve notificação de rescisão do contrato em 15 de janeiro de 2020, mas que uma cláusula determinava que eventual rompimento só se efetivaria 60 dias após essa comunicação.
O Jornal Nacional apurou também que no mesmo ano em que recebeu os pagamentos do PSL, Victor e Daniel compraram uma loja de chocolates da franquia Kopenhagen por R$ 540 mil. Eles assumiram o controle da loja em agosto de 2019.
Victor já era dono de uma outra loja da mesma franquia em sociedade com a mulher, Mariana Frassetto Granado. A loja fica em um shopping na Zona Norte do Rio.
Atualmente, ela é funcionária comissionada no escritório político do senador Flávio Bolsonaro com salário de R$ 22 mil.
O relatório de inteligência financeira revela que um caixa eletrônico em um shopping foi usado para depósito em dinheiro em um dos esquemas de rachadinha em que Victor é investigado.
Victor é advogado também da loja de chocolates de Flávio Bolsonaro que tem a mesma marca. A loja de Flávio é investigada por lavagem de dinheiro no esquema das rachadinhas. O Ministério Público estadual acredita que entrava mais dinheiro na loja do que ela faturava.
O advogado também teve o nome envolvido no suposto vazamento de informações da Polícia Federal em benefício da família do presidente da República.
Ao jornal Folha de S.Paulo, o empresário Paulo Marinho, suplente de Flávio Bolsonaro no Senado, contou ter ouvido de Flávio que Victor Alves esteve no encontro com um delegado da Polícia Federal que antecipou informações da operação Furna da Onça.
O encontro teria acontecido, segundo Paulo Marinho, na porta da PF, no RJ, uma semana depois do primeiro turno da eleição de 2018. Foi na Operação Furna da Onça que apareceu o relatório sobre a suspeita de rachadinhas na Alerj.
O empresário Paulo Marinho vai prestar depoimento nesta quarta-feira (20) sobre o possível vazamento. A Polícia Federal uma nova investigação. Fontes da PF disseram que todas as pessoas citadas por Marinho serão chamadas a depor.
Em nota, o advogado Victor Alves informou que “esteve presente em reunião na residência do empresário Paulo Marinho na qualidade de advogado do então deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro, razão pela qual está impedido de comentar os fatos lá debatidos por força da relação profissional e do sigilo inerente ao exercício da advocacia”.
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