Collor afirma que presença de Bolsonaro em manifestação foi ‘nitidamente organizada’
‘A gente tem experiência nessa questão de manifestação e como são feitas’, disse o ex-presidente, em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (22).
O ex-presidente da República e atual senador pelo estado de Alagoas, Fernando Collor (PROS), criticou a participação do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) em manifestações que pediam uma ruptura democrática e instituição de atos que remetem à ditadura militar. Os protestos ocorreram na última semana e contaram, além da presença do chefe do Executivo, com apoio de parlamentaras, o que motivou um inquérito proposto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e que agora tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Para Collor, Bolsonaro se organizou para ir ao ato. “A presença dele nessa manifestação foi nitidamente organizada. A gente tem experiência nessa questão de manifestação e como são feitas”, disse, em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (22).
“As faixas eram todas feitas no mesmo local. O pano verdinho claro e as mesmas letras e mesmas tintas. As bandeiras eram exatamente iguais, mesmo tamanho e coloração. Tudo igual. É tipicamente algo organizado. Aqui em Brasília, o QG do Exército, fica muito distante do centro da cidade. Aqui em Brasília as distâncias são grandes, mas o QG fica distante. Aquele mundo de gente que apareceu no quartel-general, no dia do Exército, fazendo aquela manifestação, com a mesma palavra de ordem e mesmas faixas sendo pintadas, com o mesmo tecido e bandeiras exatamente iguais em seu tamanho e coloração, salta os olhos”, acrescentou o ex-presidente, ressaltando que se tratou de uma “manifestação orquestrada e organizada”.
Collor acrescentou que a fala de Bolsonaro, na qual ele se autointitula ‘a Constituição’, é incorreta. Na avaliação do senador, é necessário ressaltar que o presidente da República tem por obrigação obedecer ao texto constitucional. “Foi autorizada essa investigação em quem está por trás dessa manifestação que conspira contra a democracia e os preceitos fundamentais da carta constitucional, que o presidente de forma equivocada diz que é ele. Não, a constituição não é ele. Está acima dele e todos nós. Está tão acima que o presidente da República, nós quando assumimos, colocamos o nome da Constituição, juramos cumprir a Constituição. Ela está acima de todos nós e o presidente não é a Constituição. Ele está abaixo e ele, como mandatário dela, tem o dever inalienável de fazer com que ela seja cumprida”, afirma
De acordo com Fernando Collor, no momento em que as faixas e os gritos de ordem conspiram contra a Constituição, pedindo pela volta do regime militar, AI-5 com Bolsonaro na presidência, fechamento do Congresso e STF, fica caracterizado um “atentado brutal e inominável ao texto constitucional e, por conseguinte, ao processo democrático e estado democrático de direito”.
“Precisamos delas[instituições] rígidas. São equívocos que ele vem cometendo que têm repercussões. Qualquer ato de uma pessoa normal teria repercussões, imagine o presidente. São consequências muito grande e nefastas. Não sei onde isso pode dar. Caminhando nessa maneira, não tem como dar certo. Nem o combate à pandemia, essa harmonia entre os poderes e construção de maioria no Congresso Nacional. É um non-sense absoluto”, comentou o senador.
“Uma demonstração de que não sabe para que lado ir. Está como a biruta, que se move a favor do vento que está batendo”, acrescenta.
Siga o Recôncavo no Ar nas redes sociais e fique por dentro de todas as informações e transmissões ao vivo na nossa página oficial.
Metro 1/ Foto : Waldemir Barreto/Agência Senado